Tudo o que podia correr mal na PT correu pior ainda. Não só a fusão com a Oi culminou num desastre de dimensões atlânticas como, chegados aqui, todos os desfechos são possíveis. Mas se nem tudo podia ter sido evitado, porque a implosão do GES e do BES reduziu as alternativas, também é verdade que a Altice, que se propõe comprar a PT Portugal, geriu o processo de forma pouco cuidadosa.
Não só escolheu como principais sócios nacionais a Ongoing como viu a administração da PT SGPS aumentar as suspeitas ao posicionar-se do lado dos franceses através de uma estratégia que só podia dar errado. Não revelar aos acionistas os dois pareceres jurídicos que sustentam o fim da fusão PT-Oi (o DN publicou-os em primeira mão) levantou justamente muitas interrogações.
Tentar parar o vento com as mãos nunca resulta. Acresce que a CMVM também chumbou a possibilidade de Isabel dos Santos colocar a sua OPA à PT SGPS no mercado, o que atribuiria aos acionistas (quem melhor?) a decisão de vender ou não à empresária angolana. Não deixa de ser curioso que hoje a cotação da PT SGPS já tenha caído tanto que a mesma OPA já seria aprovada pela CMVM. Dito isto, sobra o essencial: o que fazer?
Apesar dos erros da Altice, amarrada à imagem de predador, resultado direto da sua gestão na Cabovisão – a dívidas aos fornecedores acumularam-se numa estratégia deliberada de pressão para reduzir custos e condicionar as negociações -, a verdade é que o preço que oferece é alto e que já houve tempo para que surgissem ofertas alternativas. Infelizmente, elas não apareceram. Portanto, para os acionistas da PT SGPS, o melhor talvez seja mesmo vender a PT Portugal à Altice e esperar que isso valorize as ações da Oi, onde têm 26% do capital. O caminho do conflito judicial com os brasileiros será sempre custoso e incerto, embora legítimo. Para Portugal a questão é diferente: a velha PT acabou. Ponto final. (dn.pt)