Grandes empresas de exploração a nível do mundo estão a mobilizar capitais para entrarem no mercado com o objectivo de expandirem as suas carteiras de investimentos no sector estratégico do país.
A maior empresa petrolífera africana, a argelina Sonatrach, tem vindo desde o início do ano, procurar expandir a sua actividade no continente. Na sequência disso, esta semana, a imprensa francesa anunciou que a Cevital, sua associada, tem vindo a exercer “lobby” para fornecer gás liquefeito à Costa do Marfim, vulgarmente conhecido por Côte d’Ivoire, na língua francesa.
Depois dos marroquinos ao nível das finanças, construção e serviços, são os argelinos que se mostram atentos ao mercado marfinês, em particular no sector estratégico de petróleo e seus derivados, até aqui dominado pelas empresas francesas e suíças. A gigante Sonatrach pretende assim suprir as carências do mercado que se registam em Abidjan uma vez que a costa-marfinense Refining Company (SIR) só produz 25 mil toneladas por ano, para uma demanda de consumo de 150 mil toneladas por ano.
Se o grupo público argelino conseguir o seu propósito, eles podem colocar em risco os suíços da Geogas, que fornecem mais de metade das 120 mil toneladas por ano de LNG para a Costa do Marfim colmatar o seu déficite. Em Abidjan, o projecto da Sonatrach é liderado pelo empresário marfinense Koffi Zarour Hamed, director executivo da companhia internacional de comércio e agro-negócio (CICA), em parceria com Adam Iskounen, director de operações internacionais da Cevital.
A força da Sonatrach deriva não apenas das suas operações internas, mas ficou sobretudo patente quando em Junho de 2012 a companhia anunciou o seu plano de investimentos para os próximos cinco anos. Actualmente, o volume de negócios para a exportação chegou a quase 72 mil milhões de dólares em 2011, contra os 57 mil milhões em 2010.
Exploração de gás
Além da Costa do Marfim, a Sonatrach está muito interessada no sector de gás em Moçambique e a empresa petrolífera estatal argelina está em negociações para comprar uma participação em projectos de gás ao longo da costa de Moçambique, até aqui operados pela italiana Eni e a norte-americana Anadarko. Ainda essa semana, a Eni e a Galp confirmaram novas descobertas de gás naquele território africano da costa do Índico.
Como os argelinos pretendem afoitamente expandir a sua presença no exterior, a Sonatrach está de olhos em uma participação em projectos de gás daquelas duas multinacionais. Isto foi dito por Abdelhamid Zerguine, o Ceo da companhia petrolífera estatal argelina, citado pela agência de notícias Aps, após a assinatura de um acordo-memorando com Ocuane Nelson, o líder da empresa nacional de hidrocarbonetos de Moçambique (ENH).
Abdelhamid Zerguine disse que a Sonatrach poderia comprar uma parte de uma participação minoritária da ENH nos campos de gás “off shore”. Nenhum detalhe mais foi anunciado, mas sabe-se que para a participação que o gigante argelino pretende adquirir, uma fracção de 5 por cento num dos blocos custaria cerca de mil milhões de dólares.
O memorando assinado com a ENH também abre caminho para a Sonatrach adquirir blocos já em exploração em Moçambique. De acordo com o seu Ceo, a Sonatrach terá o direito de explorar os blocos de exploração isoladamente ou em parceria com outras empresas de energia operando localmente.
A Sonatrach está ainda presente, através da sua subsidiária, em outros países como a Bolívia, Líbia, Espanha e Indonésia. EUGÉNIO GUERREIRO (Jornal de Economia & Finanças)