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    Perspectivas Económicas do FMI para a África: A grande contração do financiamento

    O FMI divulgou hoje, dia 14 de abril, em Washington as suas perspectivas económicas para a Africa Subsariana.

    Segundo o relatório, a persistência da inflação mundial e a implementação de políticas monetárias mais restritivas conduziram a custos de financiamento mais elevados nos países da África Subsariana e exerceram maior pressão sobre as taxas de câmbio. Com efeito, nenhum país africano conseguiu emitir um Eurobond desde a primavera de 2022.

    Os encargos com juros da dívida pública estão a aumentar devido a uma maior dependência do dispendioso financiamento baseado no mercado, em conjunto com uma redução a longo prazo dos orçamentos de ajuda ao desenvolvimento. A falta de financiamento afeta uma região que já enfrenta elevados desequilíbrios macroeconómicos. A dívida pública e a inflação situam-se em níveis que não se verificavam há décadas, com uma inflação de dois dígitos em metade dos países – o que reduz o poder de compra das famílias e prejudica fortemente os mais vulneráveis. Esta situação travou a recuperação económica.

    O crescimento na África Subsariana diminuirá para 3,6% este ano. Num ambiente de abrandamento mundial, espera-se que a atividade desacelere pelo segundo ano consecutivo. Ainda assim, este valor global oculta variações significativas em toda a região. A contração do financiamento afetará também as perspetivas a mais longo prazo da região. A escassez de financiamento pode obrigar os países a reduzir os recursos destinados a setores de desenvolvimento críticos, como a saúde, a educação e as infraestruturas, enfraquecendo o potencial de crescimento da região.

    “O crescimento na região varia de país para país. Alguns países, especialmente os da Comunidade da África Oriental ou países ricos em recursos naturais não petrolíferos, deverão apresentar melhores resultados, mas algumas das principais economias provocam a diminuição da taxa média de crescimento da África Subsariana, como a África do Sul, onde se prevê que o crescimento desacelere acentuadamente para apenas 0,1% em 2023”, afirmou Abebe Aemro Selassie, Diretor do Departamento de África do FMI.

    “Se não forem tomadas medidas, esta contração do financiamento prejudicará os esforços da África Subsariana para criar uma população instruída e qualificada e tornar-se a força motriz da economia mundial nos próximos anos”, acrescentou Abebe Aemro Selassie.

    O FMI está a desempenhar o seu papel e está pronto a apoiar os seus membros. Entre 2020 e 2022, o FMI disponibilizou mais de 50 mil milhões de dólares dos Estados Unidos através de programas, financiamento de emergência e dotação de direitos de saque especiais. Em apenas dois anos, o FMI concedeu mais do dobro do montante desembolsado em qualquer década desde os anos 90. E, no mês passado, o FMI celebrou acordos de concessão de empréstimo com 21 países da região, estando a ser analisados mais pedidos ao abrigo de programas.

    A África Subsariana está longe de se encontrar numa situação de impotência. Para enfrentar os desequilíbrios macroeconómicos, Abebe Aemro Selassie salientou quatro prioridades.

    Em primeiro lugar, é importante consolidar as finanças públicas e reforçar a gestão das finanças públicas num contexto de condições de financiamento difíceis. Para tal, as autoridades deverão continuar a mobilizar as receitas públicas, melhorar a gestão dos riscos orçamentais e gerir a dívida de forma mais proativa. Para os países que necessitam de reformular ou reestruturar a dívida, é imperativo que elaborem um quadro de resolução da dívida eficaz para criar espaço orçamental.

    Em segundo lugar, conter a inflação. A política monetária deve ser executada com prudência até que a inflação tenha uma trajetória claramente descendente e as projeções da inflação regressem ao intervalo definido pelos bancos centrais.

    Em terceiro, permitir um ajustamento da taxa de câmbio, mitigando simultaneamente os efeitos adversos das depreciações cambiais na economia, tais como o aumento da inflação e da dívida.

    E por último, garantir que os esforços importantes para combater as alterações climáticas não colocam em segundo plano o financiamento destinado a setores essenciais, como a saúde e a educação. O financiamento da ação climática disponibilizado pela comunidade internacional deve somar-se aos atuais fluxos de ajuda.

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