Após rodar no Q2, hexacampeão dá a volta por cima e supera Valtteri Bottas na última tentativa.
Não parecia ser o dia de Lewis Hamilton. Aliás, o fim de semana. Desde os treinos livres de sexta-feira, o hexacampeão reclamou muito do equilíbrio de sua Mercedes no desafiador Circuito de Silverstone, onde o vento muda de direção várias vezes na mesma volta. Além disso, foi superado pelo companheiro Valtteri Bottas em todas as sessões.
Para completar, quando fazia sua primeira tentativa de pneus médios no Q2, cometeu um erro na curva Woodcote, pisou na brita, mas recuperou o controle. Tudo deu errado para Hamilton… até o Q3.
Foi o momento em que o piloto dominador voltou ao cockpit do carro equipe alemã. Com duas voltas espetaculares, a melhor dela em 1m24s303 (novo recorde extra-oficial), superou o finlandês por 0s313. Mais um show do inglês.
Foi a 91ª pole da carreira de Hamilton, recordista absoluto do quesito na história da Fórmula 1. Mais do que isso: mostra o nível de genialidade que o inglês atingiu na categoria. Mesmo quando tudo parece dar errado, ele consegue 12 minutos de um desempenho avassalador. É neste momento que eu imagino como está a cabeça de Bottas, que conta com o mesmo carro do inglês. O finlandês foi o mais rápido durante quase todo o sábado e, mesmo assim, não consegue superar o companheiro. O nível de pressão sobre sua cabeça é tão grande que, em sua última tentativa, marcou um primeiro setor melhor que o de Hamilton, mas jogou tudo fora com um erro no segundo setor. Sem dúvidas, ser companheiro do inglês é a tarefa mais inglória da F1 atual.
O finlandês Valtteri Bottas vai largar na segunda posição do grid do GP da Inglaterra — Foto: Bryn Lennon/Getty Images
O GP da Inglaterra começará às 10h10 (de Brasília) deste domingo, com transmissão da TV Globo e do GloboEsporte.com. A narração será de Cleber Machado; comentários de Felipe Giaffone e Luciano Burti; e reportagens de Marcelo Courrege.
O domínio da Mercedes foi tão grande na classificação que o terceiro colocado, Max Verstappen, da RBR, ficou a distantes 1s022 do tempo de Hamilton. Um verdadeiro passeio das Panteras Negras. O holandês ainda tirou um coelho da cartola com o cronômetro zerado e, mesmo com um carro com a traseira desequilibrada em condições de volta rápida, vai abrir a segunda fila do grid em Silverstone.
A esperança para ele é o ritmo de corrida do carro da RBR: nas simulações de sexta, pelo menos, eles andaram no mesmo ritmo das Mercedes, que geralmente escondem o jogo nos primeiros treinos do fim de semana. Mas é no que a equipe austríaca pode se agarrar: a chance de um bom resultado.
Com uma volta no fim do treino, Max Verstappen arrancou a terceira posição na classificação — Foto: Dan Istitene/F1 via Getty Images
Além, é claro da volta de Hamilton, mais dois pilotos merecem ser muito elogiados pelo desempenho na classificação. O primeiro deles é Charles Leclerc. A Ferrari estava completamente desequilibrada por causa de um acerto agressivo de baixa pressão aerodinâmica para tentar compensar as deficiências do motor.
Mesmo assim, o monegasco voou no Q3 e marcou o quarto tempo. E por muito pouco não foi o terceiro, superado no fim por Verstappen. Leclerc conseguiu uma volta muito acima das possibilidades da Ferrari em Silverstone. Merece aplausos, ainda que o ritmo de corrida pareça ser uma tragédia para os carros da equipe italiana, que foram lentos nas simulações de sexta-feira.
O outro piloto que merece elogios é Lando Norris. O inglês da McLaren vai largar entre os dez primeiros pela 11ª vez seguida e mais uma vez superando o companheiro Carlos Sainz. Na quinta posição do grid, ele foi 183 milésimos mais rápido que o espanhol, apenas o sétimo. Além de ser carismático e rápido, Norris cada vez mais mostra competência e regularidade, tanto nas classificações quanto nas corridas. Entre os pilotos da nova geração, é o grande destaque da temporada até agora.
Lando Norris conseguiu uma excelente quinta posição com o carro da McLaren — Foto: Rudy Carezzevoli/Getty Images
Já a Racing Point, que prometia um grande desempenho após os treinos livres de sexta-feira, decepcionou na classificação. O canadense Lance Stroll, que mostrou uma grande evolução neste início de temporada, marcou apenas o sexto tempo. O carro da equipe inglesa não funcionou tão bem com a temperatura ambiente mais baixa neste sábado.
Já Nico Hulkenberg, que substitui o mexicano Sergio Pérez após o teste positivo para a Covid-19, fez o que dava após nove meses longe de um carro de F1: foi eliminado no Q2 e vai largar em 13º.
Ele sofreu bastante com a parte física, principalmente o pescoço. O objetivo de Hulk neste domingo é, pelo menos, marcar pontos para a Racing Point. O tão esperado pódio parece, realmente, um sonho distante neste fim de semana.
Para encerrar, vale mais uma vez o destaque ao desempenho de George Russell. O inglês colocou a Williams no Q2 pela terceira corrida seguida, superando com folga Nicholas Latifi, último colocado.
O canadense, aliás, cometeu um erro no fim do Q1, rodou, provocou bandeiras amarelas e uma punição ao companheiro, que não reduziu suficientemente a velocidade em um trecho em que uma dupla bandeira amarela era mostrada.
Resultado: Russell, que se classificou em 15º, vai largar em 19º. Uma pena para o inglês, que tem mostrado serviço com o carro da Williams em 2020. Outro grande nome para o futuro da Fórmula 1.
George Russell se classificou mais uma vez ao Q2, mas largará apenas em 19º após ser punido — Foto: Rudy Carezzevoli/Getty Images