Nos próximos cinco meses, é preciso concluir o programa de assistência “sem perturbações” ou hesitações, avisou, esta quarta-feira à noite, Pedro Passos Coelho, na sua mensagem de Natal. O primeiro-ministro evitou temas polémicos, como o chumbo à convergência de pensões, mas não deixou de referir as “incertezas e obstáculos” que o impedem de declarar vitória sobre a crise. Nem deixou, tão-pouco, de culpar o anterior Governo pela situação atual.
Dirigindo-se aos portugueses, a quem sugeriu que aproveitem esta quadra para recuperar forças, Passos disse que os sinais positivos, na economia e na redução do desemprego e do défice, “ainda não são suficientes” para “podermos dizer que vencemos esta crise”, pois “ainda restam algumas incertezas e obstáculos”. “Todos fomos compreendendo que não há soluções fáceis, dada a complexidade dos problemas que herdámos”, continuou, numa crítica velada ao PS.
Por tudo isto, referiu que “temos muito para fazer” em 2014, “um ano cheio de desafios e aos quais cada um de nós responderá com a mesma responsabilidade e determinação que nos abriu o caminho até aqui”.
Quanto ao futuro, omitiu a estratégia “pós-troika”, mas deixou um aviso de curto prazo. “Estamos a cinco meses de terminar o programa de assistência. Será uma etapa decisiva da nossa recuperação”, alertou, sublinhando que “precisaremos de todos os instrumentos que mobilizámos para concluir sem perturbações o programa”. E “de os usar bem, com inteligência e determinação porque o que parecia em tempos tão distante e difícil está ao nosso alcance, desde que não hesitemos”.
Esta é “uma página da nossa história” que Passos quer fechar, “para escrever uma outra mais apropriada à sociedade moderna, próspera e mais justa”. Após a estratégia para “salvar o país do colapso” ter dado “os primeiros frutos” num ano difícil, “sobretudo para os desempregados” e os “mais vulneráveis”, enumerou quatro objetivos: “combater a pobreza, reduzir mais rapidamente o desemprego, aumentar o investimento e reduzir as desigualdades”. Porque “durante demasiado tempo, toleraram-se em Portugal fortíssimas desigualdades, quase sem paralelo na Europa, e resignámo-nos à estagnação social”, criticou.
“Na recuperação do nosso país, ninguém pode ficar para trás”, defendeu ainda, fazendo lembrar a frase repetida pelo líder do PS, António José Seguro.
No balanço que fez de 2013, Passos afirmou que “a nossa economia começou a dar a volta” e “começámos a vergar a dívida externa e pública que tanto tem assombrado a nossa vida coletiva”.
“A economia começou a crescer e acima do ritmo da Europa. Ao mesmo tempo, o emprego começou a crescer e, em termos líquidos, até ao terceiro trimestre foram criados 120 mil novos postos de trabalho”, declarou o primeiro-ministro. Passos destacou que também o desemprego jovem tem vindo a decrescer mês após mês. Mas, na realidade, no que toca aos jovens, até subiu em novembro. (jn.pt)
por Carla Soares