As relações empresariais entre Portugal e Angola têm vindo a ser incrementadas, em todos os sectores de actividade, independentemente de alguns percalços políticos recentes.
Apesar de existir já um fluxo de investimentos produtivos reais entre empresas dos dois países, a esmagadora maioria das relações empresariais ainda ocorre no âmbito das importações/exportações. Angola decidiu, e bem, prosseguir um caminho de industrialização do País, pelo que tem vindo a aumentar progressivamente o número de itens e respectivas taxas na pauta aduaneira.
Por outro lado, Portugal, por força do seu programa de austeridade, tem vindo a assistir a uma redução progressiva do consumo interno e das respectivas importações e a uma redução dos preços dos seus activos. Estão, assim, criadas novas oportunidades para investimentos de empresas angolanas em Portugal e de empresas portuguesas em Angola.
É minha convicção, tal como venho defendendo, desde sempre, que estes investimentos recíprocos terão vantagens acrescidas se forem realizados em parceria ou aliança entre empresas angolanas e portuguesas. Decidi, assim, em coerência, aceitar coordenar um curso/seminário sobre Gestão de Parcerias e Alianças Estratégicas Empresariais entre Portugal e Angola, que decorrerá em Lisboa, a 7 e 8 de Maio próximos, onde serão desenvolvidas todas as ferramentas teóricas e aplicacionais deste modelo de organização empresarial.
As parcerias empresariais suportam-se na Teoria das Alianças Estratégicas, que contemplam um conjunto de etapas essenciais, que serão detalhadamente desenvolvidas durante este curso:
A decisão de utilização de uma parceria empresarial no processo de internacionalização, em oposição às restantes formas de acesso aos mercados internacionais.
O processo sistematizado e estruturado de análise, avaliação e selecção do parceiro, em função dos objectivos da aliança e das características das empresas e dos mercados.
A construção do business plan da aliança, tendo em consideração as características diferenciadoras dos mercados financeiros e do funcionamento das empresas nos dois países.
O desenho, organização e estrutura da aliança, garantindo o equilíbrio dos direitos e deveres dos dois parceiros a serem vertidos no respectivo acordo parassocial, reduzindo, desde logo, os conflitos na gestão da aliança.
A integração da aliança em redes alargadas de cooperação empresarial que contemplem, para além de outras unidades empresariais, universidades e institutos de investigação aplicada.
Os processos de transferência do conhecimento entre os parceiros e entre estes e a aliança, mantendo-a no topo da inovação tecnológica de modo a garantir a sua competitividade nos diferentes mercados.
O modelo de liderança e gestão da aliança desenhado de acordo com os objectivos estabelecidos pelos parceiros, procurando satisfazer as suas expectativas, assegurando o respeito pelas respectivas identidades culturais e garantindo um equilíbrio adequado e a eliminação dos conflitos na gestão das pessoas.
Os mecanismos de controlo e avaliação da performance da aliança, com ajustamentos permanentes, de modo a garantir a sua sustentabilidade e a remuneração adequada dos recursos dos parceiros. Todas estas ferramentas teóricas serão aplicadas a dois estudos de caso, especificamente construídos para este curso, que permitam ilustrar duma forma prática e directamente aplicacional a casos concretos, a sua utilização em projectos específicos e reais. Considero que, deste modo, poderemos contribuir duma forma activa, empenhada, estruturada e rigorosa para o aprofundamento das relações empresariais entre os dois países. (expansao.ao)