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    ONG moçambicana acusa órgão eleitoral de manipulação do recenseamento

    DW África

    ONG moçambicana “Acção Desenvolvimento e Sociedade”, acusa o STAE de uma manipulação que excluiu milhares de eleitores nas regiões onde a oposição normalmente consegue bons resultados eleitorais.

    A organização da sociedade civil moçambicana, Acção Desenvolvimento e Sociedade (ADS), acusou o Secretário Técnico de Administração Eleitoral (STAE) de uma manipulação que excluiu cerca de 700 mil eleitores nas regiões onde a oposição normalmente consegue bons resultados eleitorais.

    Numa análise que divulgou esta segunda-feira (03.06.), a ADS acusa o STAE de ter acrescentado mais de 400 mil eleitores fora da previsão real na província de Gaza, sul do país, que sempre deu vitória à Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido no poder.

    “O que as projecções mostram é a exclusão do registo eleitoral, de cerca de 700 mil pessoas, com mais de 18 anos, nas zonas centro e norte, com particular destaque para a província da Zambézia, com mais de 400 mil eleitores”, lê-se no texto.

    De acordo com a ADS, o STAE mostrou maior empenho em recensear mais eleitores nas províncias dominadas pela FRELIMO e menor esforço nas províncias onde esta formação política goza de menor simpatia do eleitorado.

    Recenseamento de menores

    Aquela organização da sociedade civil acusa ainda o STAE de ter permitido o recenseamento de menores sem idade eleitoral e de estrangeiros na província de Gaza, para dar lugar a inflação do universo de eleitores a favor do partido no poder.

    A ADS cita o demógrafo e economista moçambicano António Francisco a afirmar que 50% da população moçambicana tem menos de 17 anos de idade, o que deveria influenciar o número de pessoas em idade eleitoral.

    Auditoria ao registo eleitoral

    Também numa avaliação ao recenseamento eleitoral, o Instituto Eleitoral da África Austral (EISA), da sociedade civil, defendeu também esta segunda-feira uma auditoria ao registo eleitoral, assinalando que a operação foi marcada por irregularidades.

    “O nível de desconfiança dos actores políticos sobre a credibilidade dos dados deste recenseamento, dado o número de problemas registados, é muito maior e precisa de um tratamento especial antes do dia da votação, para reduzir o possível impacto eleitoral e pós-eleitoral”, lê-se na avaliação.

    Dados fabricados

    De acordo com o EISA, na maioria dos postos de recenseamento, as impressoras encravavam, porque eram incompatíveis com a qualidade de papel usado e muitos dados do recenseamento foram “fabricados”.

    O recenseamento para as eleições gerais de 15 de Outubro em Moçambique terminou no dia 30 de maio e até ao dia 26 desse mês tinham sido recenseados 73% do total de eleitores previstos. O STAE fixou como meta o registo de sete milhões de eleitores, numa operação que se iniciou a 15 de Abril e durou 45 dias.

    A operação abrangeu novos potenciais eleitores que completam 18 anos este ano, votantes que tenham perdido o cartão de eleitor e os que não se recensearam em 2018, para as eleições autárquicas de 10 de Outubro, por viverem fora de áreas não municipalizadas.

    Os eleitores registados na operação vão juntar-se aos cerca de seis milhões de eleitores inscritos para as eleições autárquicas do ano passado.

    A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) acusou o Governo da FRELIMO de estar a organizar “manobras dilatórias” no recenseamento para vencer as eleições gerais, exigindo a demissão do director-geral do STAE.

    As eleições gerais – legislativas, presidenciais e provinciais – estão marcadas para 15 de Outubro, marcando assim o término do ciclo eleitoral 2018/2019, que começou com as eleições autárquicas a 10 de Outubro do ano passado.

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