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    O que mudou em África um ano após o anúncio da pandemia?

    Há um ano a OMS declarou a Covid-19 uma pandemia e as pessoas foram obrigadas a mudar alguns dos seus hábitos. Em África, a propagação do vírus até ao momento é menor do que se temia, mas suas consequências são imensas.

    Foi há exatamente um ano, a 11 de março de 2020, que a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a pandemia de Covid-19. África contava então apenas 47 casos e nenhuma morte. Hoje, o Centro Africano de Controlo de Doenças (África CDC), regista cerca de 4 milhões de infeções e 106 mil mortes por Covid-19.

    Embora a propagação do vírus tenha sido menor do que se temia, as consequências são imensas. A recessão económica levou ao aumento da desigualdade social e a esperança esmorece com o acesso limitado às vacinas.

    A economia tem sofrido muito com as barreiras comerciais e o colapso global da procura. Os encerramentos de fronteiras têm sido fatais, por exemplo, no sector informal e no turismo. De acordo com cálculos preliminares do Banco Mundial, a produção económica dos países da África Subsaariana diminuiu 3,7% no ano passado.

    Já no início da pandemia, a Oxfam previa um futuro sombrio para o continente, uma vez que um quarto das pessoas que teriam maior impacto económico no mundo vive na África Subsaariana.

    “Um relatório mostrava que o impacto económico poderia atrasar a luta contra a pobreza em algumas regiões de África em 30 anos. De acordo com o texto, uma queda de 20% no rendimento familiar faria com que mais de 400 milhões de pessoas em todo o mundo caíssem abaixo do limiar de pobreza – de 1,90 dólares por dia”, recorda Anja Osterhaus, diretora de programas organização humanitária na Alemanha.

    Osterhaus lembra ainda que as mulheres e raparigas foram as que mais sofreram com os efeitos da pandemia. As famílias mais pobres viram os seus rendimentos descer de forma considerável e as raparigas, em particular, foram forçadas a compensar estas perdas.
    (DR)

    Quem mais sofreu
    Osterhaus lembra ainda que as mulheres e raparigas foram as que mais sofreram com os efeitos da pandemia. As famílias mais pobres viram os seus rendimentos descer de forma considerável e as raparigas, em particular, foram forçadas a compensar estas perdas.

    A isto, somam-se os longos encerramentos de escolas. A educação foi abruptamente interrompida para uma geração inteira de estudantes como resultado da Covid-19. E organizações como a Save the Children e a UNICEF temem uma crise de aprendizagem global.

    “A Covid-19 acentuou as desigualdades já existentes. Os alunos mais pobres tinham nenhum ou acesso limitado ao ensino virtual, à aprendizagem contínua, ao contrário das crianças mais ricas”, Andile Dube, especialista em educação da UNICEF na África do Sul.

    De acordo com as últimas estatísticas da UNESCO, 8,3% de todos os estudantes matriculados em todo o mundo ainda são afetados pelo encerramento de escolas ou por uma educação limitada. E as escolas em sete países da África Subsaariana ainda estão total ou parcialmente fechadas.

    Mulheres e estudantes tiveram especial impacto
    (DR)

    O tratamento de outras doenças
    As consequências da Covid-19 fazem-se também sentir na saúde: a luta contra outras doenças, como a malária e o HIV/SIDA, estagnou.

    O impacto da pandemia poderia afetar mais de 290 mil pessoas em todo o mundo – e levar à morte de mais 148 mil devido ao HIV, segundo as estimativas da ONUSIDA. Segundo Winnie Byanyma, diretora-executiva do Programa das Nações Unidas para o HIV/Sida, não se trata somente de as pessoas infetadas estarem a temer os hospitais

    “Temos dados que mostram que em muitos países, quando os confinamentos foram impostos e as crianças foram enviadas para casa, a violência contra mulheres e raparigas disparou. A violência sexual contra mulheres e raparigas é uma das principais causas de novas infeções, particularmente na África Subsaariana”, explica.

    O desenvolvimento das vacinas contra a Covid-19 trouxe alguma esperança. Mas o acesso desigual e a falta de solidariedade são preocupantes, diz Anja Osterhaus, da Oxfam. “É vergonhoso. Países economicamente privilegiados da União Europeia, o Reino Unido e os Estados Unidos bloquearam a proposta de expandir a produção de vacinas, acabando com os monopólios das empresas farmacêuticas. Mas esta é a única forma de garantir a igualdade de acesso às vacinas”.

    Adaptação humana
    Mas também há pontos positivos nesta crise. O comércio online e as start-ups estão em crescimento.

    “Apesar do que estava a acontecer, o número de negócios em África continuou a aumentar. As start-ups africanas continuam a ser muito atrativas para o capital de risco internacional e África está sempre a crescer”, explica Nicholas Kendall, da GreenTec Capital, uma empresa de investimento especializada em start-ups africanas:

    O empreendedorismo está a prosperar em África – apesar da crise. Luther Lawoyin, de Lagos, na Nigéria, fundador de quatro start-ups, considera que há problemas fundamentais a resolver, relacionados a energia, habitação, alimentação, mas são questões que forçam os envolvidos a ser inovadores. “Temos de encontrar soluções, por mais arriscadas que sejam. Inova-se – ou morre-se”.

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    FonteDW

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