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    Novas chapas de matrículas em Angola: Luxo ou necessidade?

    Exclusividade para produzir novas chapas de matrículas nos veículos a empresas associadas a políticos ligados ao MPLA gera questionamentos em Angola. Além dos altos preços, artesãos que produziam chapas temem desemprego.

    As autoridades policiais de Angola implementaram, no dia 10 de janeiro, um novo modelo de matrículas para veículos automóveis. Projetadas para serem à prova de falsificações, as placas prometem revolucionar o controle de veículos.

    Com o novo modelo, o país quer acelerar para uma nova era de segurança rodoviária. Mas há questionamentos quanto à exclusividade no processo de produção das novas chapas dos veículos – designadas a quatro empresas, alegadamente associadas a políticos ligados ao partido no poder, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).

    Além disso, o entusiasmo das autoridades também contrasta com as preocupações dos cidadãos sobre os altos custos e o risco de desemprego para antigos produtores artesanais de chapas.

    Mudanças

    A mudança visa adequar as matrículas aos padrões da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), garantindo maior segurança e identificação externa dos veículos em circulação – ou não.

    O novo dispositivo alfanumérico incorporado nas matrículas é considerado à prova de falsificações, proporcionando uma identificação confiável dos veículos.

    O comandante-geral da Polícia Nacional, Arnaldo Calado, assegurou que a adoção desse novo sistema contribuirá significativamente para o controle eficiente do parque automóvel angolano.

    “Visam conferir maior controle do parque automóvel do país, bem como garantir a recuperação rápida de veículos roubados ou furtados,” afirmou.

    Preços e exclusividade na produção

    No entanto, a implementação das novas matrículas não é consensual entre a população. Algumas preocupações surgiram, principalmente relacionadas com o preço das novas chapas, que variam entre trinta e cinco e cinquenta mil kwanzas (aproximadamente 38 e 54 euros).

    Além disso, a produção das matrículas está restrita a quatro empresas, levantando questões sobre o processo de seleção e distribuição, além do risco de desemprego para produtores artesanais de chapas.

    Enquanto o comandante-geral da Polícia Nacional enfatiza a necessidade de medidas de segurança mais rigorosas, alguns proprietários de veículos expressaram ceticismo em relação à eficácia do novo sistema.

    Domingos Pedro, um cidadão entrevistado pela DW, questionou a utilidade das novas matrículas na fiscalização e monitoramento dos veículos, citando experiências anteriores com documentos de identificação e licenças de condução.

    “Acho que não vai funcionar, para ser sincero. O bilhete de identidade não funcionou, a carta de condução não funcionou e a AGT não está a funcionar”, disse.

    Apesar das críticas, a Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA), representada por Francisco Paciente, concorda com as medidas de segurança apresentadas pelas autoridades policiais.

    No entanto, expressa preocupação com o preço das matrículas, sugerindo uma revisão do valor inicialmente proposto. “Inicialmente, nós discutimos isso, aquando do lançamento: o preço de cinquenta e dois mil kwanza deveria ser revisto”, explicou.

    “Quais são os elementos que fazem com que a chapa de matrícula se torne tão cara? Talvez sejam elementos que podem ser fundamentados em termos de matéria-prima, mas sentimos que era ainda caro”, acrescentou Francisco Paciente.

    Políticos lucram?

    A produção das novas matrículas está a cargo de quatro empresas nacionais e, segundo noticiou o Novo Jornal, entre os proprietários estão nomes de oficiais da polícia, incluindo o governador de Benguela, Luís Nunes, além de Leonel da Rocha Pinto e Inocêncio de Brito.

    Apesar de todos as críticas quanto ao preço e ao processo de seleção das empresas, o comandante-geral, Arnaldo Calado, ressaltou a complexidade e a fiabilidade das novas matrículas.

    “A chapa de matrícula, que permite identificar os meios de tao levado valor, não podia continuar a se produzida e aplicada em qualquer oficina, praça, sem observar as mais elevadas medidas de segurança, e sem o controlo das autoridades de segurança rodoviária”, concluiu.

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    FonteDW

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