O novo diretor do Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado, David Santos, espera, já este ano, a “resolução parcial” da falta de espaço, “um dos problemas crónicos” da instituição, detentora de uma das mais importantes coleções do país.
Depois de ter sido escolhido no final do ano passado, por concurso público, para ocupar o cargo, David Santos assumiu funções há cerca de um mês, e quer concretizar o projeto que apresentou para o museu localizado na zona do Chiado, em Lisboa.
O Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado (MNAC), que possui hoje um acervo de quase 5.000 peças de arte desde 1850 até à atualidade, completou cem anos em maio de 2011.
Um dos principais problemas da entidade nos últimos vinte anos – que tem sido apontado por vários responsáveis que já passaram pela direção, desde Raquel Henriques da Silva, Pedro Lapa, Helena Barranha e Paulo Henriques – é a exiguidade do espaço para mostrar uma das mais importantes coleções públicas de arte do país.
Ao longo dos anos, têm sido várias as opções das direções para lidar com uma situação dilemática: ocupar o espaço com várias exposições temporárias ou apresentar ao público uma ampla exposição permanente com base no acervo.
“Essa foi sempre uma das debilidades deste museu”, apontou David Santos numa entrevista à agência Lusa sobre os projetos pensados para o futuro próximo da entidade centenária.
O novo diretor recordou que a mais recente solução – tomada pelo antecessor, Paulo Henriques – foi dividir o espaço em duas partes e apresentar uma exposição permanente, deixando parte do espaço para as exposições temporárias.
“A exposição permanente mostra uma centena de obras, e inclui os ícones principais da coleção, desde o período do Romantismo, em 1850, até 1975”, apontou, defendendo, no entanto, que o museu deve ter mais espaço para mostrar a coleção “de forma condigna”.
O projeto de ampliação do MNAC atravessou vários Governos – envolvendo a Secretaria de Estado da Cultura (SEC), o Ministério da Administração Interna (MAI) e o Ministério da Educação e Ciência (MEC) – e foi sempre adiado.
Por envolver várias tutelas, o alargamento do museu “foi sempre um problema difícil”, apontou, mas David Santos acredita, já para este ano, numa “resolução parcial”, embora não tenha ainda certezas quanto ao prazo em que acontecerá exatamente.
“Há um processo de negociação em curso”, disse, escusando-se a adiantar, por agora, mais pormenores, mas mostrando-se esperançoso de que seja um passo para mostrar de forma mais ampla a riqueza do acervo.
Em abril 2011, por ocasião do início das celebrações do centenário do MNAC, a então ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, tinha anunciado que o Comando Metropolitano Lisboa da PSP iria deixar as instalações anexas ao museu, no Convento de São Francisco, e que até ao final desse ano, a ampliação do espaço museológico avançaria.
A tutela mudou e a expansão do museu não avançou, mas foi-se mantendo a ideia de alargar o museu e criar uma estratégia com o Governo Civil de Lisboa e a Faculdade de Belas Artes, para dedicar todo o quarteirão às artes.
A última e mais importante remodelação do edifício do MNAC, na rua Serpa Pinto, instalado num edifício que fez parte do antigo Convento de São Francisco, foi realizada entre 1988 e 1994, num projeto da autoria do arquiteto francês Jean-Michel Wilmotte.
Esse projeto foi oferecido pelo Governo francês logo a seguir ao incêndio no Chiado, que não afetou o museu, mas obrigou, na altura, à retirada da coleção. (noticiasaominuto.com)