Uma mulher autista de 22 anos foi torturada durante um ano por familiares, em Rushing Lane, nos EUA. Entre os horrores a que foi sujeita, foi enjaulada, forçada a entrar numa rede de tráfico sexual e a comer as cinzas da própria mãe. Os suspeitos foram agora acusados formalmente.
De acordo com a acusação, a família manteve a vítima trancada num estábulo e, depois, numa jaula improvisada no quintal. Além disso, sujeitaram-na a uma série de humilhações e abusos, que incluíam disparar contra a mulher uma arma de ar comprimido, cobri-la com o conteúdo da fossa sética da casa e forçá-la a comer as cinzas da mãe de uma tigela de cereais.
A família reteve os benefícios de Segurança Social da vítima, obrigou-a a realizar tarefas domésticas e trabalhos no quintal e forçaram-na a relacionar-se sexualmente com homens num esquema de tráfico sexual.
O tribunal acusou a matriarca da família, Raylaine Knope, de 42 anos, o marido Terry, de 45, e dois dos filhos Jody, de 23, Bridget, de 21 e Taylor, de 20, de “exploração”. Não foi revelado qual o grau de parentesco entre a vítima e os sequestradores.
Os abusos começaram em agosto de 2015, um dia depois de a mãe da vítima ter morrido. Os acusados e a mulher de 22 anos mudaram de casa, em Kentwood, para outra em Rushing Lane. Até junho de 2016, a mulher foi abusada e explorada.
Para garantir que não escapava, a família ameaçava-a de morte, espancavam-na, apontavam armas à cabeça da vítima, queimavam-lhe as mãos e tentavam afogá-la. Terry ficou com os pagamentos da Segurança Social da parente, que totalizaram cerca de 7500 euros, e Raylaine confiscou-lhe o documento de identidade, o telemóvel e o computador portátil.
A família obrigou a vítima a tomar metanfetaminas e analgésicos, dizendo-lhe que a denunciariam à polícia por uso de drogas se ela não obedecesse às ordens.
Foi mantida numa jaula, sem eletricidade ou água corrente, que continha um colchão, alguns pertences pessoais e um balde usado como sanita. Todas as manhãs, a mulher saía da jaula para realizar tarefas domésticas. Se Raylaine não ficasse satisfeita, a vítima ficava sem comer durante esse dia.
A acusação retrata Raylaine como líder do clã. Foi Raylaine que forçou a vítima a comer as cinzas da própria mãe, misturadas com leite, de uma tigela de cereais. “Vomitou na mesa poucos minutos depois de consumir as cinzas”.
Raylaine, Terry, Jody e Taylor foram acusados de trabalho forçado e de usar ameaças para interferir com os direitos da vítima. Bridget foi acusada separadamente de conspirar para obter trabalho forçado. O casal foi ainda acusado de tentativa de tráfico sexual. Adicionalmente, Terry foi também acusado de crime de ódio, por ter disparado a arma de ar comprimido, enquanto insultava a vítima, e de roubo de fundos do governo por ter roubado os benefícios da Segurança Social.
A família foi detida durante uma busca à propriedade em Rushing Lane, a 30 de junho de 2016, devido a denúncias referentes a uma mulher enjaulada. O caso está a ser processado por advogados da Divisão de Direitos Civis do Departamento de Justiça dos EUA e pela advogada assistente. (Jornal de Notícias)