O MPLA fez hoje em Luanda a sua derradeira e maior demonstração de força na campanha para as eleições gerais em Angola, com uma vasta multidão disposta num enorme recinto, dominado pelo aparato visual montado pelo partido no poder.
Dezenas de milhares de pessoas começaram a afluir às imediações do estádio 11 de Novembro, construído para o Campeonato Africano das Nações de futebol em 2010, nos arredores da capital angolana, muitas delas transportadas em centenas de autocarros fretados pelo MPLA para um evento transmitido em direto pela televisão pública.
“Vim aqui para felicitar o Presidente pela tarefa que ele está a cumprir. Obrigado Presidente!”, diz Vitória Francisco da Costa, uma funcionária pública de 36 anos, militante do partido há 10 e que espera que José Eduardo dos Santos “fique eternamente, porque só ele vai comandar o poder, mais ninguém. Fique!”
As organizações do partido acorreram em massa, fazendo-se anunciar pelos seus nomes no recinto geometricamente dividido com grades, a começar pela Organização das Mulheres Angolanas, que ocupou o espaço fronteiro do palco, a Juventude do MPLA e os comités de ação dos bairros de Luanda, todos unidos pelas cores da maior força angolana e pela veneração do líder.
Muitas bandeiras, milhares de balões, pequenos e enormes, a pairar como “zeppelins”, e toda a espécie de adereços deram o significado visual à força de um partido, que tem na massificação e organização um argumento de superioridade em relação aos outros.
A harmonia cénica continua no palco, onde José Eduardo dos Santos, o restante estado-maior do partido e membros do governo cessante se vestem de vermelho e preto e gritam, com a assistência, as palavras de ordem de sempre: “De Cabinda ao Cunene, uma só na nação”, “a luta continua” e “a vitória é certa”.
Os comícios do MPLA são também espetáculos musicais, embalados por hinos ao partido e seu presidente, e festa, alargando-se pelo recinto várias tendas, que servirão comida até fazer noite.
José Eduardo dos Santos chegou ao palco com duas horas de atraso, ovacionado por gritos de apoio “Zédu” da multidão que ainda canta os parabéns pelos seus 70 anos, celebrados na terça-feira.
Ao lado da mulher, Ana Paula dos Santos, o Presidente angolano lembrou o papel do seu partido nos últimos 30 anos e traçou as linhas gerais para os próximos cinco.
A oposição acusa o partido do Governo de usar o seu poder no aparelho de estado e exercer coação junto das pessoas para comparecerem nos comícios, embora em nenhuma ocasião tenham conseguido mobilizações aproximadas às que foram realizadas pelo MPLA.
“Quero juntar-me aos milhões de milhões de militantes, amigos e simpatizantes”, afirma Fernando Manuel, “um filho do MPLA” e professor de 51 anos em Viana, que considera a concentração de hoje “a mãe de todas as batalhas para a vitória do partido” na sexta-feira, depois de um mês de campanha, encerrada em Luanda, que junta pessoas de todas as províncias e etnias.
Enunciando a obra feita nos últimos dez anos, desde a paz alcançada pelo “homem da paz” e “grande timoneiro”, Fernando Manuel também espera que José Eduardo dos Santos se mantenha no poder, embora “isso não dependa da vontade do presidente, mas de milhões de militantes”, porque o partido, além de comer a carne dos seus militantes, “ainda vai ter de comer os ossos”, numa afirmação de sentido de sacrifício e dedicação ao partido.
FONTE: Lusa
