Nasceu em Luanda e tem o gosto pela escrita. Josué Francisco António entrou para as lides literárias, através do jornalismo e o seu currículo fala por si. É um artesão da palavra, tendo a poesia como fonte de inspiração.
Trabalhou no Gabinete de Estudos Especiais da ORION, Empresa de Marketing e Publicidade, como redactor repórter. Na revista Talentos deu sequência à profissão de jornalista, alternando com a actividade radiofónica na estação Luanda Antena Comercial LAC.
Posteriormente aceitaria o convite para dirigir a revista infanto-juvenil Brilhante. Representou do Jornal Palanca News & Business, órgão de informação dirigido à comunidade angolana residente na África do Sul.
Presentemente exerce o cargo de Director de Marketing e Comunicação da Associação dos Repórteres e Profissionais de Imagem de Angola (ARIA).
Além de poeta, é cronista e articulista, com colaboração dispersa em diversos jornais e revistas.
São de sua autoria, os poemas que nos enviou para publicação:
SOBREVIVEU
Menina sem seios
passou a infância
atrás da vida
Correu e sobreviveu.
Guardou as marcas
que viu
Correu do Huambo
a Benguela. Não viu
a infância
Quando tornou-se
mulher fardou-se
para defender a mãe
O tempo luta
para apagar a tortura
da mente
Josué António “Umone”
TEU PODER
Vem com o teu poder
faça-me a tua magia
renova-me no teu colo.
Vem acender
em mim a vontade
de ti querer
Faz-me sentir
o teu poder bandido.
cala-me com prazer
Vem
criar em nós o escândalo
do silêncio. Vem
Vem na escuridão
e dá-me o teu oxigénio.
Vem
Josué António “Umone”
EU OUVI
Na embala eu ouvi
o velho a gritar
tchatokota. Era a kitota
Estávamos cercados
entre o rio e mata
Ouvi vozes
perdidas no capim. Vi
fantasmas
Era à luz do foguetão.
Era o militar desaparecido
na farda
Eu era criança.
Tinha o rosto seco e os pês
cheios de dor. Não tinha voz para cantar
Josué António “Umone”
MEU EU
Rasgo o meu sorriso
para ti. Quebro o meu
eu
No teu brilho rasgo
o meu peito. Deixo
de ser eu
És a alma que nasceu
em mim. A marca do meu
fundo
Josué António “Umone”
GOTAS DE LAGRIMAS
Em Maputo ficaram
as gotas de lagrimas
do filho do café…
Kwanza Norte gerou
a veia artística do homem
que respira cultura
Em Moçambique
a morte não engoliu
as cordas da viola
O artista sobreviveu
Catupina regressou
Com o falso amigo
05.06.10
Josué António
O PRAZER
Encontrei o prazer
da mãe na proeminência
do Kwanza
Na prosa do Cacusso
e do Bagre a fugirem
do Ngando
No poder do Verde
beijei o prazer…
da mãe
Josué António
PROCUREI
Quando cheguei
a minha terra natal
procurei o carnaval
Encontrei! A baia enterrada
já não havia mabangas
comi faitas,
pizzas e sei lá
Já não havia palmeiras
para destilar Maruvo
bebi tequila
É o carnaval da globalização
Josué António
O PÃO
A minha tradição
gerou a mãe que educou
os seus filhos
Em cada manhã renasce
o sol no coração da mãe
que procura o pão
Em casa nzala (fome)
Nzala, os filhos já não brincam
Olham para o céu.
De madrugada o marido
enxuga o suor da mãe
que rasgou o fogo da terra
Josué António
SANZALAS
Nas sanzalas negras
Ouvem-se ecos
vêem-se zumbis
Nas sanzalas ouvem-se
vozes negras; vêem-se imagens
de rostos velhos
Nas cubatas o estereótipo
das crianças cansadas.
Cansadas de nzala
Josué António
Penso que no poema Sobreviveu o autor faz referencia a um passado recente que marcou a personagem por se tratar de algo surreal. Acho extremamente interessante a abordagem que fez e a forma criativa como articulou o poema. Exortamo-lo a continuar.
Sempre tive desejo de trabalhar, o povo irmão brasileiro porque temos muita coisa em comum. Como a Língua Portuguesa, alguns aspectos culturas,uma comunidade vasta de angolanos no Brasil, e outra comunidade vasta de brasileiros em Angola.
lindas poesias ..gostaria trocar ideias com vc..sou professor do brasil..abracos
caminhou, vi as lutas, venceu batalhas… enfim é o momento,força mor.
Viva!
Prezada Marinela, Votos de muita saúde e paz. E Obrigado pelo seu franco comentário. “A luta continua”