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    Moçambique: Voluntários fazem reflorestação de mangal destruído em Quelimane

    No bairro de Icidua, em Quelimane, foi criada uma associação de moradores para responder à crescente pressão humana sobre os mangais e mitigar os danos à vegetação com ações de conservação e gestão sustentável.

    Plantação de mangais no bairro Icidua, em Quelimane
    A iniciativa, que também pretende preservar as espécies marinhas, é uma forma de evitar a erosão e travar inundações que fustigam zonas residenciais com maré alta. O grupo vai plantar 1000 árvores, conhecidas como salgueiros. Os trabalhos começaram há uma semana e deve abranger várias zonas do bairro mais populoso de Quelimane, o Icidua.

    O Icidua evidencia a realidade da tamanha pressão humana exercida sobre a natureza em Quelimane, com extensas áreas de mangal desertas.
    (DR)

    Replantar para evitar o pior
    O Icidua evidencia a realidade da tamanha pressão humana exercida sobre a natureza em Quelimane, com extensas áreas de mangal desertas. Os populares cortam os magais para fazer lenhas, carvão e até para a construção de casas em zonas proibidas -uma realidade que se repete em outras zonas da Zambézia. Há mais incidência em Sangarriveira, Janeiro e Torrone. A solução é a replantação.

    Áreas de mangais em Quelimane estão ocupadas por habitações e de forma desordenada, embora o solo não seja o mais apropriado para a construção de casas.
    (DR)

    Falta terreno para a construção de casas
    Áreas de mangais em Quelimane estão ocupadas por habitações e de forma desordenada, embora o solo não seja o mais apropriado para a construção de casas. Os habitantes alegam que é difícil encontrar terrenos adequados para a construção de casas em Quelimane. Assumem os riscos de construir casas em terras húmidas, devastando a floresta de mangais.

    O mercado de Ajante é o maior centro a nível de Quelimane, onde a população de renda baixa e média procede a compra e venda de material de construção de casas.
    (DR)

    Centro comercial do mangal abatido
    O mercado de Ajante é o maior centro a nível de Quelimane, onde a população de renda baixa e média procede a compra e venda de material de construção de casas. A maior parte desses materiais é proveniente das plantas de mangal. As pessoas cortam magais para vender e conseguir recursos para sobreviver.

    Para transportar mangais abatidos a outras regiões do interior e para o mercado no centro, utilizam as pequenas canoas.
    (DR)

    Pequenas embarcações que transportam mangais
    Para transportar mangais abatidos a outras regiões do interior e para o mercado no centro, utilizam as pequenas canoas. As espécies de mangais mais concorridas e que enchem sempre essas pequenas embarcações são Mucandhra e Mveze. O valor de Mucandhra é o dobro do preço de outras espécies, e ela é usada para a construção de casas. A venda a grosso, por canoa, custa cerca de 50 euros.

    Rodrigues Jacinto, de 47 anos, vive desta atividade desde quando era um adolescente.
    (DR)

    Destruir para sobreviver
    Rodrigues Jacinto, de 47 anos, vive desta atividade desde quando era um adolescente. Jacinto conta à DW que esta é a sua única fonte de rendimento e assim sustenta a sua família. Ele passa noites a cortar mangais que chegam a três metros de comprimento e depois os transporta em canoas de Inhassunge até à feira – numa viagem de 24 horas.

    Uma das práticas mais predominantes em bairros atravessados pelo mangal é o fecalismo.
    (DR)

    Fecalismo a céu aberto é um risco às comunidades
    Uma das práticas mais predominantes em bairros atravessados pelo mangal é o fecalismo. Muitos residentes que habitam naquelas zonas não possuem latrinas em suas casas. O conselho autárquico de Quelimane tem mobilizado recursos para a construção de latrinas, como forma de evitar que a população recorra aos mangais em caso das necessidades. Pelos vistos, entretanto, a prática ainda continua.

    Nené Ribeiro, de 64 anos, é funcionário do Conselho Autárquico de Quelimane.
    (DR)

    Nené Ribeiro coordena a iniciativa
    Nené Ribeiro, de 64 anos, é funcionário do Conselho Autárquico de Quelimane. Ele explica que muitos confundem a iniciativa com um ato político-partidário. Ele salienta, no entanto, que o objetivo é proteger o bairro de inundações e proteger a biodiversidade. A associação não tem financiamento externo, funciona à base de contribuições dos seus membros.

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    FonteDW

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