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    Moçambique: Investigador contraria tese de suicídio de capitão do voo das LAM

    Imagem dos destroços de um avião de passageiros que caiu no Parque Nacional Bwabwata (Foto: Associated Press)
    Imagem dos destroços de um avião de passageiros que caiu no Parque Nacional Bwabwata (Foto: Associated Press)

    O vice-presidente do pelouro dos transportes da Confederação das Associações Económicas de Moçambique, Alves Gomes, considerou, esta terça-feira, que o relatório preliminar do acidente do voo das LAM não respeita as normas da Organização de Aviação Civil Internacional. O investigador não acredita na tese de suicídio do comandante e afirma que os procedimentos do piloto estão de acordo com a atuação prevista em caso de emergência.

    Segundo Alves Gomes, que está a desenvolver uma investigação sobre a queda do voo TM-470, que provocou a morte de 33 pessoas, o relatório preliminar que o Instituto de Aviação Civil de Moçambique (IACM) divulgou, a 21 de dezembro, “não obedece às normas de reporte de acidentes da Organização de Aviação Civil Internacional (ICAO)”, o que poderá levar a organização a recusar o documento.

    Em declarações à agência Lusa, o ex-jornalista e investigador disse que o relatório “se cinge ao que aconteceu nos momentos que antecederam a queda”, não fazendo referência a elementos como as condições meteorológicas ou o número de passageiros, que, segundo Gomes, o “anexo 13 do ICAO”, para o reporte de acidentes, impõe.

    O responsável acrescentou que o documento apresenta um “erro grave” ao indicar a posição de reporte “EXEDU”, quando “os planos de voo dos aviões das LAM que voam de Maputo para Luanda têm como ponto de reporte AGRA”, que se refere ao controle aéreo do Botsuana, e não da Namíbia, como o relatório indica.

    “Quem reporta o acidente não é a Namíbia a Moçambique, mas o Botsuana, exatamente por causa deste ponto. É estranho que, havendo pessoas de Moçambique na comissão, não se tenha identificado isto e que se tenha publicado um relatório preliminar com uma imprecisão destas”, disse Alves Gomes.

    Por outro lado, sobre as causas da queda do avião de fabrico brasileiro Embraer 190, que o relatório preliminar aponta para a “clara intenção” do experiente comandante moçambicano Hermínio Fernandes, Alves Gomes disse que as últimas manobras que o piloto efetuou estão em consonância com a operação de “descida de emergência”, contidas no manual da aeronave e que os pilotos e copilotos devem ter memorizadas.

    “Se ele fez estes procedimentos é porque houve uma emergência”, avançou.

    A tese de suicídio aparentemente defendida pelas autoridades baseia-se no facto de que, no momento da queda, o comandante se encontrava sozinho no interior da cabine de comando da aeronave e nas gravações áudio, nas quais se ouvem batidas na porta, perante a ausência de resposta de Hermínio Fernandes, que se mantém sempre em silêncio.

    “O quê que aconteceu para ele ficar mudo? Por que é que ele fez os procedimentos corretos para aterrar? Por que é que ficou à espera mais de 10 minutos, quando poderia ter feito o avião cair muito mais depressa?”, questiona Alves Gomes, avançando a hipótese de um possível problema de saúde como causa.

    Contrariando a tese de suicídio, Alves Gomes disse ainda que o copiloto e o chefe de cabine poderiam ter aberto a porta pelo lado exterior, que terá um sistema de abertura automática para casos de emergência.

    “Se ele se quisesse matar, tinha desligado as duas caixas negras, o que é possível”, acrescentou.

    O investigador “estranha” que os resultados preliminares tenham sido divulgados pelas autoridades moçambicanas, “quando deveriam ter sido apresentados pela Namíbia, que é quem lidera a investigação e está obrigada, pelas leis internacionais de aviação, a liderar e fazer todo o inquérito”.

    Alves Gomes disse ainda que a data limite para as autoridades namibianas apresentarem a investigação preliminar termina esta terça-feira, segundo apurou junto do ICAO

    O voo TM-470 despenhou-se sem sobreviventes na Namíbia, no Parque Nacional de Bwabwata, entre Angola e o Botswana, a 29 de novembro.

    A bordo seguiam 27 passageiros, entre os quais sete portugueses, e seis membros de tripulação. (jn.pt)

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