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    Minas de Ferro da Jamba diversificam a economia

    A diversificação da economia é uma das grandes apostas do Executivo angolano para aumentar a produção nacional e as receitas. A revitalização do sector não petrolífero motivou, em 2010, a aprovação por decreto presidencial do programa mineiro-siderúrgico de Cassinga, na Huíla, e de Cassala Quitundo, na província do Kwanza-Norte.
    Para o sucesso do programa, o Executivo aprovou, em Fevereiro do ano passado, a constituição da Sociedade Angolana de Exploração de Recursos Minerais (AEMR), uma parceria público-privada entre a Ferrangol, Genius Mineira e DT Group, com o objectivo de dinamizar a prospecção.
    O resultado das actividades do programa mineiro-siderúrgico, em curso nas localidades de Cassala Quitungo (Kwanza-Norte) e na Jamba (Huíla), são animadores para os objectivos definidos, pois confirmam a existência de depósitos valiosos no subsolo.
    O director-adjunto da AMER, Henriques Simão, explica que o projecto está dividido em seis fases de intervenção. A primeira, que abrange Cassinga Norte e Sul, prevê produzir 4,6 milhões de toneladas de ferro. A segunda envolve a região de Cateruca, com dez milhões de toneladas de pelotas, a terceira está localizada em Cassala Quitungo, onde as previsões apontam para uma produção de seis milhões de pelotas.
    A quarta fase do projecto, também em Cassala Quitungo, prevê uma produção de 250 mil toneladas de ferro e manganês. A quinta fase é na localidade de Chamutete, no município da Jamba, onde decorrem estudos de prospecção, e a sexta vai albergar a indústria siderúrgica.

    Potencial da Jamba

    O estudo, realizado recentemente, indica que o município da Jamba é muito rico em minério de ferro e ouro, razão pela qual a prospecção incide nos depósitos descobertos no tempo colonial e noutras áreas com indícios de minerais.
    Henriques Simão diz que o objectivo da actividade de prospecção é confirmar as reservas anteriores, estando os técnicos empenhados no aumento da aérea de prospecção para a descoberta de mais depósitos.
    O director-adjunto da AEMR explica que a aposta é identificar mais reservas que permitam explorar por mais anos os minérios existentes nas localidades de Chamutete, Cateruca e Cassinga.  “Depois de finalizada, a prospecção permite dissipar dúvidas sobre o que há, onde e em que quantidade. Não podíamos iniciar a actividade de exploração sem saber a quantidade e qualidade exacta das reservas existentes”, frisa Henriques Simão.
    As reservas provadas são de 4,2 milhões de toneladas do menério secundário no subsolo do município da Jamba. As estimativas do estudo, explica,  apontam que a extensão da área de prospecção vai aumentar as reservas.
    “Estimamos que para o arranque da primeira fase do projecto vamos ter cerca de 4,6 milhões de toneladas. Esse é o grande objectivo da empresa em função da estratégia montada”, adianta. Henriques Simão explica que decorre o estudo de viabilidade económica do projecto no sentido de avaliar se vale a pena extrair o minério. A empresa colheu amostras enviadas para a África do Sul, para análise dos resultados. Depois deste processo, a AMER vai criar uma outra empresa denominada Freemine para cuidar do processo de exploração e produção.
    A sede da empresa vai ser erguida em breve na cidade do Lubango, num terreno cedido pelo Governo da Huíla, num investimento de 200 milhões de dólares

    Produção

    O plano de produção, orçado em mil milhões de dólares, prevê o arranque de exploração para 2014 do primeiro projecto, com extracção de 4,2 milhões de toneladas, num período de quatro a cinco anos. A conclusão do estudo de viabilidade económica, no fim de 2012, explica, é determinante para a definição da data exacta para o início da extracção, podendo acontecer antes ou depois.
    “Essa quantidade já está confirmada, mas acreditamos que há mais, razão pela qual insistimos em sondagens com o trabalho das máquinas 24 horas por dia, para depois confirmar a viabilidade em termos de exploração da mina”, argumenta, afirmando que a prospecção feita na localidade de Chamutete confirma a existência de um minério com um teor de boa qualidade, segundo as primeiras análises, o que representa um valor acrescentado para o país em termos económicos.
    “O minério encontrado não precisa de um processo de tratamento, porque a quantidade de ferro é acima de 63 por cento. Os pobres geralmente precisam de um tratamento mais profundo para retirar impurezas”, explica, acrescentando que estão destacadas no local quatro sondas com o objectivo de perfurar mais de três mil metros, por acreditar na existência de mais reservas.

    Transporte e empregos

    Henriques Simão sublinha a importância da circulação do comboio do Caminho-de- Ferro de Moçâmedes no transporte de toneladas de ferro de Cassinga até ao porto de Sacomar, na província do Namíbe, para efeito de exportação.
    O minério explorado não se destina totalmente à exportação, a julgar pela conclusão do projecto de instalação de uma indústria siderúrgica na localidade da Jamba Mineira, com o objectivo de transformar o ferro em aço. “Está decidido que a siderurgia vai ser montada na Jamba Mineira. Vamos ter uma cadeia completa da parte sul ao norte, para o tratamento e transformação de 97 por cento do mineiro explorado de ferro em aço”, garante.
    O programa mineiro-siderúrgico inclui a plantação de um viveiro de eucaliptos, que em dez anos vai fornecer o carvão. Numa primeira fase, as plantações do Huambo podem funcionar como solução provisória inicial para fornecimento de carvão à siderurgia da Jamba.
    Henriques Simão diz que a concretização do projecto vai gerar 6.217 empregos directos como resultado da actividade extractiva e de exportação.  “Na actividade mineira um emprego directo representa dois a três indirectos”, refere.
    As estimativas apontam para 717 funcionários na Jamba, 1.086 em Chamutete, 184 em Sacomar, 1.146 no Caminho-de-Ferro de Moçâmedes, 596 na Siderurgia, 1.659 nas plantações de eucaliptos e 750 na produção de carvão.
    Na Jamba está montado um aparato humano e técnico de nove máquinas, que estão a perfurar uma área de 29.700 metros. A fase de prospecção emprega 527 funcionários, dos quais 59 estrangeiros.

    Benefícios sociais

    A execução do projecto de prospecção e exploração tem impacto na vida social e económica das populações residentes nas áreas, no domínio de infra-estruturas de saúde, escolares, habitacionais e de comunicação.
    Como benefícios socioeconómicos, nesta etapa do projecto, Henriques Simão apontou a reabilitação e construção do aeroporto municipal da Jamba, centros de saúde, estradas, pontes, desminagem de dez milhões de metros quadrados, casas e centros de formação profissional para treino de angolanos.
    As operações, acrescenta, vão precisar de mão-de-obra, sobretudo de nacionais, daí a aposta na formação de jovens em curso básicos de tratamento de minério para que até ao início do projecto tenhamos pessoal qualificado para o efeito”.
    “Mesmo nesta fase de prospecção já estamos a dar o nosso contributo à vida do município da Jamba. Também entregámos uma ambulância e viaturas para a Polícia Nacional na sede e em Chamute”, acrescenta Henriques Simão.
    Os médicos e enfermeiros estão a prestar a assistência à população da Jamba. A empresa promove palestras sobre saúde e segurança e está a reabilitar o sistema de abastecimento de água potável. Henriques Simão diz que o objectivo é estar  mais próximo das populações.

    Fonte: JA

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