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    Mendes de Carvalho lembrado como um nacionalista intrépido

    Agostinho Mendes de Carvalho “Uanhenga Xitu” foi, sábado, lembrado, no município de Icolo e Bengo, província de Luanda, numa homenagem, dois dias depois da data em que completaria 95 anos, como “um grande nacionalista, intrépido e perspicaz na luta clandestina” pela Independência de Angola.

    De acordo com o JA, a memória de Uanhenga Xitu foi exaltada em dois momentos de um programa elaborado pela Fundação Uanhenga Xitu, que visou comemorar o 95º aniversário natalício do patrono e os 60 anos do “Processo dos 50”, sob o lema “Os valores do Nacionalismo e Patriotismo para uma Angola moderna”.

    O programa começou na comuna de Calomboloca, onde se encontra o cemitério de Camussuami, onde foram depositadas coroas de flores junto ao túmulo e ao busto de Uanhenga Xitu e nos memoriais dos Nacionalistas do Processo dos 50 e dos Heróis da Independência, e terminou no Centro Cultural Dr. António Agostinho Neto, na vila de Catete, sede do município de Icolo e Bengo, onde se realizou um colóquio.

    “Onde cheirasse a luta pela independência lá estava ele”, lembrou, no cemitério de Camussuami, Amadeu Amorim, presidente da Associação do “Processo dos 50”, que disse ter sido Uanhenga Xitu, entre outros, um motivador e impulsionador da criação do Grupo dos Enfermeiros, também chamado “Espalha Brasa”.

    Amadeu Amorim defendeu que se deve exaltar ainda mais, por via de “uma forma qualquer”, a memória de Uanhenga Xitu, “pela perspicácia das suas obras literárias e, principalmente, pela sua tenacidade na luta contra a política de assimilação portuguesa”.

    No entender de Amadeu Amorim, um dos sobreviventes do “Processo dos 50”, por Uanhenga Xitu ter ligado a literatura à acção política, “aceita-se perfeitamente a indicação para ele como um dos africanizadores da literatura angolana”.

    O nacionalista utilizou também o adjectivo “furão” para qualificar Uanhenga Xitu, por ter sido um grande mobilizador, que fazia contactos, aliciava angolanos não despertos, distribuía panfletos e criava grupos de acção.
    “Falar de Agostinho Mendes de Carvalho é falar desses bravos angolanos que, em 1959, deram o último grito de vitória ou morte em pleno tribunal militar português”, declarou Amadeu Amorim, referindo-se aos nacionalistas, entre os quais Uanhenga Xitu, do “Processo dos 50”, designação que se atribui à prisão e julgamento de um grupo de angolanos que, insatisfeitos com o domínio colonial português, decidiram empreender clandestinamente acções que conduzissem à Independência de Angola.

    Amadeu Amorim lamentou o que considerou “falta de respeito e consideração que esses homens deviam merecer e a inexistência do nome do “Processo dos 50” na toponímia”, por exemplo, da província de Luanda. “Seria demais?”, interrogou o nacionalista, acrescentando que, “se hoje Angola está independente, a eles também se deve”.

    O presidente da Associação do Processo dos 50 lamentou, também, que, no contexto histórico, a clandestinidade não é tida na devida consideração e criticou o poder instituído por realçar somente a luta armada em detrimento da clandestinidade, o que coarta, na sua opinião, uma parte importante da nossa historiografia, confundindo a juventude e as gerações vindouras.

    Ao cemitério de Camussuami deslocaram-se mais de 60 pessoas, entre familiares, amigos e políticos, incluindo de partidos da oposição, como o líder da UNITA, Isaías Samakuva.

    Maria Jorge Mendes de Carvalho, viúva de Mendes de Carvalho, foi a primeira pessoa a depositar uma coroa de flores, auxiliada pelo filho mais novo, junto ao túmulo do nacionalista, falecido em 2014.

    Entre as personalidades que marcaram presença estavam Isaías Samakuva, líder da UNITA, a secretária-geral da OMA, Luzia Inglês, Luís Neto Kiambata, Lopo do Nascimento, Marcolino Moco, Adriano Mendes de Carvalho, André Mendes de Carvalho, Miguel de Carvalho “Wadijimbi”, Fragata de Morais, Desidério Costa, Paulo de Almeida, comandante-geral da Polícia Nacional, Ismael Martins, Manuel dos Santos e José Manuel Lisboa, o último dos quais foi o primeiro a ser preso no “Processo dos 50”, quando tentava embarcar para o então Congo Belga, agora República Democrática do Congo.

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