Nesta segunda-feira, 31, Rabat e Madri envolveram-se numa troca de declarações na antecâmara da apresentação à Justiça espanhola do líder do movimento independentista Frente Polisário, Brahim Ghali. Ao chegar à Espanha, em Abril, Ghali provocou crispação entre os dois países.
Embora considere Marrocos “um aliado estratégico”, Pedro Sanchez, presidente do governo espanhol, terá irritado Rabat ao considerar que “acolheu Ghali por razões humanitárias”.
Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros, da Cooperação Africana e dos Marroquinos Residentes no Estrangeiro, salienta que “Marrocos não tem o hábito de se envolver em polémicas relativas a declarações feitas por altos responsáveis de países estrangeiros”, e em quatro pontos esclarece os comentários de Pedro Sanchez.
“Não sabemos a que declaração marroquina se refere o senhor presidente do governo espanhol. Todas as últimas declarações de responsáveis diplomáticos marroquinos, incluindo o ministro, o embaixador de Sua Majestade em Madrid e o director-geral, não evocam minimamente a questão migratória”, refere o documento referindo que “a declaração do Ministério dos Negócios Estrangeiros, largamente retomada, pelos meios de comunicação social espanhóis, apenas aborda brevemente a questão migratória, e justamente para recordar a boa cooperação” e aconselha Pedro Sanchez a ler devidamente as declarações: “É portanto legítimo perguntar se o senhor presidente do governo espanhol leu bem as diferentes declarações inerentes a esta crise e, em particular, a de hoje (segunda-feira, 31)”.
Na mesma ordem de ideias o comunicado indica que “não cabe aos responsáveis estrangeiros definir qual o ministro marroquino que deve falar sobre que assuntos”, sendo que “em Marrocos, a gestão da crise diz respeito a várias instituições e departamentos estatais, entre os quais o Ministério dos Negócios Estrangeiros, que apenas transmite, no âmbito das suas atribuições, a posição nacional, a nível diplomático e mediático”.
Por último revela que “Marrocos sublinhou em diversas ocasiões que a crise bilateral não está ligada à questão migratória. A origem e as razões profundas da crise são já bem conhecidas, nomeadamente da opinião pública espanhola”, por isso, constata “evocar a migração não deve ser um pretexto para desviar a atenção das verdadeiras causas da crise bilateral”.