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    Kuanza Norte: Pescadores do Ngolome demarcam-se da pesca pela agricultura

    Barragem de Cambambe. Foto DR
    Barragem de Cambambe.
    Foto DR

    Ngolome – Vários pescadores da lagoa do Ngolome, no município de Kambambe, província do Kwanza Norte, com idades acima dos 50 anos, estão a substituir a arte pesqueira pela agricultura, em decorrência do esgotamento físico com que se debatem para suportar os esforços consentidos no exercício da actividade piscatória e necessidade de diversificação das fontes de subsistência alimentar.

    O local, antes aproveitado apenas para as actividades pesqueiras, apresenta hoje uma orla coberta de produção agrícola, com destaque para as culturas da banana, mandioca e batata-doce, praticado fundamentalmente por idosos, que se confrontam actualmente com um esgotamento físico para o exercício da prática pesqueira.
    Paulo Caeke, de 60 anos de idade, trinta dos quais dedicados a pesca continental, disse que com o decorrer do tempo, as pessoas tendem a atingir uma debilidade física, perdendo o domínio e estabilidade na actividade piscatória, razão pela qual optam pelo exercício da agricultura, que apesar de rústica garante um espaço para repouso e com poucos riscos de deterioração dos produtos agrícolas, o que não acontece com o pescado.
    O mesmo disse que qualquer esforço deve ser compensado com os rendimentos, mas actualmente a pesca se tornou num dos grandes males para a saúde do homem, sobretudo para as pessoas de idade avançada, uma vez que trabalha-se muito para pouco rendimento, em consequência da redução das quantidades de pescado nas lagoas, motivado pelas constantes violações das práticas pesqueiras por parte da nova geração.
    Lembra com alguma nostalgia, o tempo passado em que eram capturados perto de mil  peixes por embarcação, durante uma pescada, rendimentos  actualmente difícil de alcançar em decorrência das constantes violações das normas e regulamentos de pesca.
    “Os jovens utilizam redes com malhas não recomendadas, afugentam o cardume, através do batimento do muduco, fazem pesca a arrastão, usam lanchas motorizadas no recinto piscatório e utilizam aparelhos de música, factores que compromete o bom rendimento da actividade pesqueira”, observou.
    Já Domingos Sebastião, de 65 anos de idade, pescador há 53 anos, referiu que comparativamente a década de 80, o volume de rendimento baixou consideravelmente, pelas razões apontadas pelo seu companheiro, razão pela qual a agricultura é a maneira mais viável para justificar a sua permanência na lagoa, ao mesmo tempo que procura enveredar pela criação de aves de pequeno porte, e assim se afastar um pouco da pesca, ao transferir os seus conhecimentos à nova geração.
    Para ele, a agricultura proporciona maiores rendimentos em relação a pesca, uma vez que é feita apenas ao longo do dia, e as noites reservadas para o descanso, contrariamente a pesca que requer movimentos permanentes.
    Indicou que a comunidade de Ngolome possui um número considerável de pescadores que pretendem demarcar – se da pesca, mas que encontram dificuldades com a produção agrícola, por falta de vias de acesso em condições aceitáveis para o escoamento dos produtos.
    Situado há 38 quilómetros da estrada nacional número 230, o acesso ao Ngolome é facilitado por uma estrada em terra batida, com elevações e uma vegetação densa, que obriga na época chuvosa a circulação em veículos de grande porte.
    A região congrega 185 pescadores artesanais, filiados em cinco cooperativas que exploram cerca de dez mil metros quadrados de águas continentais, onde predominam várias espécies de peixes da água doce, com destaque para a tilápia (cacusso), bagre, mussolo, tainha, dibe e raia. (portalangop.co.ao)

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