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    Jovens do Huambo bebem cada vez mais álcool

    A dependência do álcool é sobretudo devido à falta de emprego e apoio familiar, muitos não conseguem deixar o vício. Este problema faz com que muitos jovens em Angola não consigam ter uma vida estável.

    O álcool é um problema que afecta muitos jovens angolanos. Na cidade do Huambo, no centro sul de Angola, os jovens dizem que bebem para esquecer os problemas, a falta de apoio da família ou o desemprego. Muitos deles tentam deixar o vício do álcool, mas fracassam.

    Um dos casos que a DW África encontrou foi de um jovem de 20 anos, órfão da guerra, numa esquina das ruas do Huambo. Ele diz que bebe para esquecer a falta de amparo familiar: “Consumo álcool para esquecer o sofrimento que sinto, porque não tenho ninguém que me possa ajudar”, afirmou este jovem.

    Não há números actuais sobre o consumo de álcool em Angola. Mas, nas ruas do Huambo, há cada vez mais jovens e adolescentes a consumir álcool. Cerveja, bebidas caseiras ou whisky em pacote – o importante, segundo afirmam, é sentirem-se estimulados. Outro jovem, de 23 anos, diz que quer libertar-se do vício do álcool, que o persegue desde a adolescência. Mas, segundo ele, a falta de emprego e as más amizades empurram-no para o álcool.

    “Não é minha vontade consumir álcool, porque até tenho estado a fazer esforços para deixar, mas não consigo largar porque sinto tristeza quando não consumo bebida. Mas, se tivesse emprego, ajudaria a deixar o álcool”, relatou este jovem anónimo.

    Problema global

    O álcool em excesso é um problema de saúde pública, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de três milhões de pessoas morrem todos os anos em todo o mundo por uso abusivo de álcool. Em Angola, dados da OMS referentes a 2016 mostram que mais de metade dos homens e rapazes, maiores de 15 anos tiveram episódios de consumo excessivo. Nas mulheres, a percentagem é muito mais baixa, de 23%. Muitas pessoas morreram em acidentes de viação ou de cirrose hepática, devido ao álcool.

    O médico João Menezes diz que, no seu consultório, houve um aumento do número de jovens pacientes com complicações relacionadas com o álcool.”Uma das principais complicações é a perda das funções cognitivas. O paciente vai apresentando delírios ocasionais, e isso é consequência do álcool, que afecta directamente o sistema nervoso”, explicou o médico.

    O consumo excessivo de álcool pode também levar a outros problemas. “Aumenta a resistência ao fluxo sanguíneo e pode provocar transtornos no aparelho circulatório e situações hemorrágicas. Quanto ao cérebro, que é um dos órgãos vitais, como se modifica a fluidez das membranas neuronais, o funcionamento do sistema nervoso fica deteriorado, devido ao consumo de álcool”, salientou João Menezes.

    Vidas destruídas

    Além disso, se consumido em excesso, o álcool pode frustrar sonhos, destruir carreiras e famílias. O sociólogo Adilson Luassa é membro da organização não governamental, Vida Saudável, e tem alertado para os problemas do consumo excessivo de álcool por parte dos jovens e adolescentes.

    “O que está na base desses males são questões que se prendem com o desemprego, a desestruturação familiar e também alguma falta de acompanhamento dos pais aos filhos, o que podemos apontar como desleixo familiar, fruto da desestruturação”, afirmou Adilson Luassa.

    Adilson Luassa entende, por isso, que o Governo deve acabar com o problema do álcool pela raiz.

    “Era importante que o Ministério que cuida dos assuntos da família e promoção da mulher criasse políticas públicas com incidência directa nas famílias mais vulneráveis, para minimizarmos a fome e a pobreza no seio das famílias”, acrescentou Luassa.

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