O primeiro-ministro do Japão Shinzo Abe voltou esta quarta-feira a provocar a China e a acentuar o atrito entre os dois países ao referir, durante um discurso em Davos, na Suíça, a situação vivida entre britânicos e alemães antes da Primeira Guerra Mundial, que faz este ano um século e na qual aqueles dois países, antes parceiros de negócios, acabaram como adversários.
O problema é que essa referência de Shinzo Abe, à margem do Fórum Económico Mundial, foi interpretada como uma comparação com a atual situação entre o Japão e a China. E essa ligação terá deixado em perspetiva que o responsável nipónico poderia estar a antever um eventual confronto militar face ao crescente atrito entre Tóquio e Pequim.
O primeiro-ministro do Japão, através do respetivo secretário de gabinete, procurou meter a posteriori alguma água na fervura do vulcão adormecido que parecem ser as atuais relações com a China. Yoshihide Suga explicou aos jornalistas que Shinzo Abe apenas recordou o exemplo da Grã-Bretanha e da Alemanha, mas que teria dito, sim, que “seria uma grande perda, não só para o Japão e para a China como para todo o Mundo,” se se registasse tal confronto e que era preciso “assegurar que tal não aconteça.”
Pequim, apesar de tudo, não gostou da evocação de Shinzo Abe e, através do porta-voz do ministro dos Negócios Estrangeiros, defendeu que “as recordações históricas dos responsáveis japoneses não podem ser deslocadas da realidade”. “Seria melhor encarar o que o Japão fez à China, antes da guerra e na história mais recente, do que falar sobre as relações entre a Grã-Bretanha e a Alemanha no período anterior à Primeira Guerra Mundial, onde foram adversários”, afirmou Qin Gang.
A história da ocupação japonesa de alguns territórios chineses nas décadas de 30 e 40 do século XX continua a ensombrar as relações entre os dois países. A recente disputa territorial sobre as ilhas Senkaku/ Diaoyu tem estado, atualmente, no centro do já referido vulcão adormecido entre a China e o Japão.
O cenário de uma guerra entre a China e o Japão parece, contudo, estar para já descartado. (euronews.com)