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    Jamba quer recuperar o estatuto de vila mineira

    20130212082231jamb_m1A prospecção de ouro de Mupopo está numa fase de cálculo de 41 poços perfurados e mais de cem toneladas de amostras foram enviadas para a África do Sul, disse ao Jornal de Angola a engenheira da Sociedade de Metais Preciosos, Janira Santos Jamba. O ministro da Geologia e Minas, Francisco Queiroz, esteve recentemente no local e garantiu que a extracção no país está a tornar-se uma realidade para “bem da nossa economia”. A Jamba vai voltar a ser aquilo que já foi.
    Pedro Cafelandi, de 34 anos, tem os olhos postos no tapete rolante da lavaria de ouro, montada na localidade de Mupopo, município da Jamba, província da Huíla. Toda a atenção é pouca. Nenhum objecto estranho pode escapar na lavaria, além das pedras douradas seleccionadas dos poços.
    Natural de Chamutete, Pedro Cafelandi tem a responsabilidade de separar “o trigo do joio”, porque qualquer objecto estranho que passe na lavaria pode comprometer todo o processo de prospecção iniciado com o desmatamento, perfuração dos poços, recolha e transporte de pedras douradas para a plataforma industrial.
    O empenho e dedicação dele confirmam o espírito de entrega das empresas Somepa e AEMR, envolvidas nos projectos de prospecção de ferro e ouro, para recuperar as minas e o estatuto de vila mineira ostentado pela Jamba no tempo colonial.
    Ao lado está o colega Fernando Nanguvo, 37 anos, que ajuda a triturar as pedras douradas antes de as pôr no tapete rolante da lavaria do Mupopo. Os dois técnicos angolanos da plataforma industrial estão empolgados por fazerem parte dos 76 empregados, além dos 15 estrangeiros, e por trabalhar num dos projectos de prospecção de ouro na terra natal.
    “É uma emoção muito grande trabalhar nesta mina que, no futuro, vai gerar riqueza para o país. O meu trabalho aqui é fazer a triagem de pedaços de árvores, ferros, folhas, capim ou outros elementos estranho”, explica Pedro Cafelandi ao Jornal de Angola, enquanto recolhe mais “lixo”.
    A engenheira de minas da Sociedade de Metais Preciosos de Angola (SOMEPA) Janira Santos explicou que a prospecção de minas de ouro de Mupopo, que decorre numa área de 80 quilómetros quadrados, está numa fase de cálculo de reservas dos 41 poços perfurados.

    Janira Santos explicou que foram enviadas para a África do Sul mais de cem toneladas de amostras cujos resultados são depois analisados pelos geólogos da empresa para determinar as características do minério e criar a base de dados, como o teor e as reservas existentes no subsolo, antes do início da exploração previsto para 2015.
    “Temos uma zona mineralizada muito boa. Os resultados laboratoriais vão determinar a decisão de perfurar mais poços, ou não. Os indicadores são positivos. Temos encontrado ouro, embora não em quantidade suficiente para o arranque da exploração. O cálculo das reservas é fundamental”, afirma a engenheira, sem revelar o investimento do projecto.
    A empresa vai adquirir, na fase de exploração, uma plataforma industrial com maior capacidade de produção, porque a actual é pequena e serve apenas para o projecto-piloto.

    Ferro de Cassinga

    Os trabalhos de prospecção em curso nas minas de ferro de Cassinga-Sul, pela empresa AEMR, confirmam um potencial em reservas de cerca de 7,2 milhões de toneladas, ao passo que Cassinga-Norte e Cateruca têm quantidade superior. Domingos Baptista comanda a equipa de 32 técnicos de laboratório que realiza a preparação física das amostras, enviadas regularmente para os laboratórios internacionais na África do Sul e Namíbia, através do convénio existente.
    “O retorno dos resultados dos laboratórios da Namíbia e África do Sul é animador. Os teores de ferro são altos. Tudo leva a crer que o projecto de exploração vai seguir sem sobressaltos”, afirma, depois de ter entregado algumas amostras ao ministro.
    A concretização do projecto vai criar 6.217 empregos directos como resultado da actividade extractiva e de exportação. “Na actividade mineira, um emprego directo representa dois a três indirectos”, explicou.
    As estimativas apontam para dezenas de funcionários na Jamba, Siderurgia e na produção de carvão e centenas em Tchamutete, Sacomar e Caminhos-de-Ferro de Moçâmedes.
    Na Jamba está montada uma área técnica com nove máquinas que estão a perfurar uma área de 29.700 metros. A fase de prospecção emprega 527 funcionários, dos quais 59 estrangeiros.
    O ministro da Geologia e Minas visitou recentemente as áreas dos projectos e disse à imprensa que o ferro é um minério com muita procura nos mercados internacionais, principalmente na Ásia e Europa.
    Francisco Queiroz esclareceu que o Executivo quer transformar o mineral de ferro em aço, através da instalação de uma siderurgia na Cassinga e Cassala Quitungo, para ser usado de acordo com a procura do mercado interno e externo.
    “A qualidade do ferro de Cassinga vai ter uma boa aceitação. A diversificação da economia foi a razão que nos levou a desenvolver o projecto. A atenção do Ministério vai estar voltada para outros minérios que possam contribuir para a diversidade das receitas do Estado a partir da produção de minerais”, anunciou o ministro.

    Diversificação de receitas

    Francisco Queiroz confessou estar optimista com os resultados preliminares dos projectos de prospecção de ouro de Mupopo e de ferro na Cassinga, para a diversificação das receitas e melhoria das condições de vida da população.
    O governante constatou com satisfação as iniciativas em curso para tornar viáveis os projectos, como a organização administrativa, infra-estrutural e metodológica. A realidade aumenta a convicção de que os projectos vão permitir elaborar o programa de desenvolvimento regional das províncias da Huíla, do Namíbe e Cunene.
    A exploração mineira vai trazer muitos ganhos para a economia, frisou o ministro, como a transformação local, exportação, o aumento das receitas fiscais, benefícios sociais, como a criação de emprego, e contribuir para a diminuição das importações dos materiais que passam a ser fabricados a nível nacional.
    “Por aquilo que vimos em termos organizativos, de infra-estruturas públicas e metodologia de trabalho, podemos sair daqui com o optimismo de que este potencial pode traduzir-se, em breve, numa realidade. Acreditamos que, dentro de pouco tempo, estas reservas vão traduzir-se em recursos fiscais para o Estado e servir para a melhoria das condições de vida da população”, disse.
    Os resultados actuais indicam que a Jamba vai ser uma vila mineira típica, onde as populações locais vão estar integradas. “Toda a população, particularmente desta região, vai beneficiar dos recursos extraídos através de empregos, assistência sanitária, formação profissional, educação e outros serviços”, realçou.
    O administrador Miguel Cassela também está optimista com os resultados da exploração de ouro e acredita que os trabalhos em curso na localidade vão passar a uma outra fase, para “o bem de todos nós, angolanos, principalmente os que vivem aqui na região”.

    Incentivo aos trabalhadores

    O ministro da Geologia e Minas incentivou os trabalhadores a empenharem-se mais na actividade de exploração mineira para mostrar como a Jamba está a transformar-se numa zona de destaque.
    Francisco Queiroz constatou que há entusiasmo e optimismo entre os trabalhadores, e pediu aos responsáveis das empresas mineiras para salvaguardarem as questões ambientais e de segurança no local de trabalho, higiene e saúde dos funcionários, pelos riscos que as tarefas apresentam.
    O Ministério da Geologia e Minas quer, desta forma, recuperar as principais infra-estruturas da Jamba e dar atenção a outros minerais que possam contribuir, de facto, para a diversificação da e­co­nomia nacional. (jornaldeangola.com)

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