O embaixador da Itália em Angola, Cláudio Miscia, manifestou, esta quarta-feira, a disponibilidade do seu país participar activamente na Bienal de Luanda- Fórum Pan-Africano para a Cultura de Paz em África, a ter lugar em Setembro do ano em curso, na capital angolana.
O diplomata, que falava durante uma audiência concedida pela ministra da Cultura, Carolina Cerqueira, considerou o evento uma excelente oportunidade para se mostrar a experiência italiana na resolução de conflitos, bem como os traços identitários no domínio cultural.
Para o efeito, de acordo com o embaixador, o seu país vai aproveitar para a promoção de diversas actividades culturais entre as quais exposições fotográficas, culinária, música, moda, dança.
Cláudio Miscia reafirmou igualmente à disposição da Itália em apoiar os processos de candidaturas de Angola a património mundial (Corredor do Kwanza, Tchitundu Hulu e Cuito Caunavale), no âmbito das “excelentes” relações bilaterais entre os dois países nos mais variados domínios.
Por seu turno, a ministra Carolina Cerqueira afirmou que a participação da Itália será uma mais-valia, tendo em conta a experiência que detém na resolução de conflitos, apontando como exemplo o caso de Moçambique que contou activamente com a acção directa da Ordem de Santo Egídio na obtenção da paz.
Além da participação na Bienal de Luanda, Carolina Cerqueira apontou ainda as áreas de restauração e valorização do património histórico-cultural, com particular realce para a vertente do património religioso em que a Itália conta com uma larga experiência.
Para o presente ano, a ministra apontou como focos principais do Executivo no domínio cultural a Bienal de Luanda, a ter lugar em Setembro, e o FestiKongo (no âmbito das comemorações de mais um aniversário desde a elevação do Centro Histórico de Mbanza Kongo a património mundial).
Angola e a Itália mantêm um acordo bilateral de cooperação cultural, técnico e científico assinado em 2002 e ratificado formalmente por Angola a 13 de Agosto de 2007.
A Itália foi o primeiro país da Europa Ocidental a reconhecer a independência de Angola, no dia 18 de Fevereiro de 1976, e a 4 de Junho, do mesmo ano, estabeleceram-se as relações diplomáticas entre os dois Estados.
Numa co-organização do Governo angolano, Organização das Nações Unidas para a Ciência, Educação e Cultura (UNESCO), o evento pretende envolver os países africanos numa corrente destinada à promoção de uma cultura de paz.
Com a Bienal de Luanda, Angola quer promover também a harmonia e irmandade entre os povos através de actividades e manifestações culturais e cívicas, com a integração das elites africanas e representantes da sociedade civil, autoridades tradicionais e religiosas, assim como intelectuais, artistas e desportistas.
Em cinco dias de actividades, Luanda será transformada num espaço de intercâmbio e de promoção da cultura africana, envolvendo individualidades ligadas as artes, política, sociedade, entre outros.
A bienal visa ainda a criação de um movimento africano que, possa disseminar a importância da cultura de paz, tendo em conta o desenvolvimento e afirmação dos países africanos em vários domínios, particularmente na defesa dos direitos humanos e das minorias, assim como o combate à corrupção.
O programa do evento incluirá discussões em torno do papel da juventude no combate à corrupção e a protecção da mulher contra a violência doméstica, a resolução de conflitos, bem como os desafios para o reforço do diálogo e da amizade entre os povos.
A realização em Angola prova a vontade política do governo em estabelecer uma cooperação cada vez mais estreita com a Unesco com vista a promoção de uma verdadeira cultura de paz em África e representa o reconhecimento do exemplo de Angola no fortalecimento da Paz e da reconciliação nacional.