O presidente da Mesa de Assembleia-geral da União Nacional dos Artistas e Compositores (UNAC), Arnaldo Calado, afirmou ontem que o país, mais concretamente a cultura, se vai ressentir durante anos da perda de André Mingas.
Arnaldo Calado disse que o compositor, falecido terça-feira no Brasil, foi dos poucos artistas angolanos que misturou a urbanidade e o subúrbio e transformou um programa televisivo de jazz num projecto comum de música pura. “André Mingas formou a Banda Maravilha com músicos que se encontravam dispersos e foi um político impressionante, pela forma humilde e intelectual como abordava determinados assuntos. Foi um pilar da nossa música e conseguiu juntar o semba ao jazz numa única canção”.
Belmiro Carlos, secretário-geral da UNAC, referiu que André Mingas fez com que “alguns aspectos da música fossem alterados de forma positiva”.
O secretário-geral da União Nacional dos Artistas Plásticos, António Bastos, lembrou, ao Jornal de Angola, que André Mingas foi um homem de cultura que ajudou a UNAC a atingir objectivos e a cumprir programas.
A UNAP é hoje uma instituição de utilidade pública graças a André Mingas que, como vice-ministro da Cultura, não enjeitou esforços para o seu actual edifício ser considerado património, disse.
André Mingas, sublinhou, foi um homem muito sensível às artes, que apoiou a primeira exposição da UNAP com qualidade, realizada, em 2009, em homenagem ao Presidente da República.
O secretário-geral da União dos Escritores Angolanos (U.E.A) também recordou André Mingas, considerando que deixa uma herança de valores inovadores na forma de interpretar a música angolana. André Mingas, disse o escritor Carmo Neto, foi um artista de grande valor, descomplexado e defensor da arquitectura peculiar da nossa terra.
Elias dyá Kimuezu declarou que a morte do cantor André Mingas constitui um vazio na música e que as suas composições são, também, património nacional.
Felipe Mukenga confidenciou que André Mingas, uma das suas principais referências musicais, o ajudou a enriquecer o seu trabalho.“Esperança”, “Mufete” e “Tchipalepa” são algumas das canções que o compositor e intérprete deixou. “Coisas da Vida”, gravado há 30 anos, foi o seu primeiro álbum. Já naquela altura misturava ritmos angolanos, como o semba, com sonoridades do jazz e do rock. Juntamente com Filipe Mukenga e Waldemar Bastos fez parte de uma geração de ouro de músicos, que emergiu e teve êxito nos anos 1970 e 1980.
André Mingas foi vice-ministro da Cultura. Durante o seu mandato foi criada a Sociedade de Autores Angolanos, a SADIA. Foi assessor do Presidente da República para os assuntos locais e regionais e cônsul em São Paulo, no Brasil.
André Mingas estudou na Universidade Agostinho Neto e posteriormente na Universidade Técnica de Lisboa. Mestre em Arquitectura e Urbanismo foi formador de quadros em Portugal, onde também leccionou o 5º ano de arquitectura na Universidade Lusófona de Lisboa. Na celebração dos 30 anos da UNAC, o compositor e cantor André Mingas foi distinguido, em 30 de Setembro, como um dos “pilares da música angolana”.
Roque Silva
Fonte: Jornal de Angola
Fotografia: JA