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    Indonésia: 17 Abril maiores eleições gerais do mundo

    RFI | Isabel Pinto Machado

    A Indonésia, considerada a terceira maior democracia do mundo e o maior país muçulmano, realiza pela primeira vez num só dia, 17 de Abril, as maiores eleições gerais do planeta com cerca de 192 milhões de eleitores chamados a eleger o Presidente, 711 deputados e 24.000 outros cargos regionais nas 17. 000 ilhas do arquipélago.

    Com população maioritariamente muçulmana (200 dos 260 milhões de indonésios) na sua maioria sunitas, embora divididos em várias vertentes, dos quais cerca de 2 milhões residem no estrangeiro, 40% dos eleitores – o que representa cerca de 80 milhões de pessoas – são jovens com idades compreendidas entre os 17 e os 35 anos.

    Estas eleições serão simultaneamente presidenciais, legislativas, regionais, distritais e locais e os resultados oficiais só deverão ser conhecidos em Maio.

    As últimas sondagens dão 10 pontos de avanço ao presidente cessante Joko Widodo de 57 anos, um muçulmano praticante e antigo general com passado controverso, que espera tirar proveito do boom de infraestruturas que criou – entre outros construção de estradas, aeroportos e da primeira linha de metropolitano de Djakarta – e da boa saúde da principal economia da Ásia do Sudeste, apesar de ser acusado por algumas ONGs de discriminações contra as minorias, étnicas, religiosas e da comunidade LGBT.

    O seu principal rival é tal como em 2014 o general na reserva Prabowo Subianto, de 67 anos, que esteve ligado à ditadura de Suharto entre 1967 e 1998 e de quem era genro, que mandou prender activistas pro-democracia e foi acusado de graves abusos durante o conflito com Timor Leste.

    A sua campanha foi dominada pelo nacionalismo, ele aproximou-se de alguns dos grupos mais radicais islâmicos, prometeu aumento dos orçamentos da defesa e segurança e no plano económico defende uma política proteccionista designada “Indonesia First”, inspirada em Donald Trump e prometeu investigar os biliões de dólares de investimentos chineses no arquipélago.

    Nos últimos comícios eleitorais Subianto pediu aos seus apoiantes que no dia seguinte à eleição contestem o resultado com revoltas populares, para denunciar irregularidades nas listas eleitorais, o que poderá gerar explosões de violência generalizada, isto depois de na sexta-feira passada as autoridades indonésias terem aberto um inquérito sobre alegações de fraude após a descoberta na Malásia (onde residem cerca de 1 milhão de indonésios) de milhares de boletins de voto suspeitos, muitos deles a favor do presidente cessante.

    Em 2014 Joko Widodo venceu por um triz o seu adversário Prabowo Subianto, tendo a justiça recusado o seu recurso e este ano a campanha foi marcada por ataques virulentos entre os dois adversários, que multiplicaram esforços para seduzir o eleitorado muçulmano conservador.

    No que diz respeito às legislativas, 245 mil candidatos oriundos de 16 partidos – entre os quais 4 estreantes – disputam os 24.000 assentos dos mais de 2.000 parlamentos regionais, bem como os 711 membros das duas câmaras da Assembleia Consultiva Popular, dos quais 575 para o Conselho Representativo Popular, a câmara baixa do parlamento, o mais importante órgão legislativo e 136 no Conselho Representativo Regional.

    Não votarão os 420 mil militares e 443 mil polícias de forma a garantir a sua neutralidade.

    Para garantir a segurança das eleições nas mais de 800.000 mesas de voto foram mobilizados 453 mil polícias e soldados, bem como mais de 1 milhão e meio de civis.

    O maior país muçulmano do mundo, não é um Estado Islâmico mas um Estado Secular, considerado como a terceira democracia a nível mundial, a seguir à Índia e aos Estados Unidos, este o arquipélago é sobretudo conhecido pelos atentados jihadistas atribuídos ao grupo Jemah Islamiyah, que prestou vassalagem à Al Qaeda e que a 12 de Outubro de 2002 num duplo atentado matou 202 pessoas e feriu 209 em Bali, na sua maioria turistas australianos e se radicalizaram após os ataques de 11 de Setembro 2001, mas que ultimamente têm diminuído de intensidade.

    “Existe corrupção, mas a economia resiste à crise mundial melhor do que os países vizinhos, a imprensa é livre, a vida politica intensa, a sociedade civil muito dinâmica e o país está mais próspero do que há 10 anos atrás, há democracia e os fundamentalistas islâmicos foram absorvidos por esse processo político democrático, isto é algo que os ocidentais tendem a ocultar”, lamenta o reitor da universidade Paramadina de Djakarta Anies Baswedant.

    Nesta antiga colónia holandesa, a transição democrática iniciou em 1998 após dois períodos autocráticos e ditatoriais, que mataram pelo menos 500 mil pessoas : o primeiro com o Presidente Sukarno entre 1945 e 1967 que se aliou aos nacionalistas, islamitas e comunistas e o segundo sob a ditadura do general Suharto entre 1967 e 1998 imposto no poder em nome da luta contra a ameaça comunista e que iniciou a islamização do país, com apoio de países do Médio Oriente, que financiaram a construção de mesquitas e o surgimento de uma classe média muçulmana moderada.

    Aliás a maioria das organizações muçulmanas preconiza o uso pelas mulheres do lenço ou jilbad, que cobre os cabelos, mas rejeitam o uso do véu integral ou niqab, da burca e de vestidos pretos, no entanto as roupas brancas, que significam uma piedade extrema são muito raramente usadas.

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