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    Há rumba no ar com Sam Mangwana

    Nesse estilo, sou como um peixe na água, diz o cantor

    Sam Mangwana está de volta! “Lubamba”, o último disco do cantor lançado, em 2016, em Angola, uma das suas terras, já está disponível em todo o lado, e a lendária estrela da rumba regressa à França.

    No relançamento da sua carreira internacional, após 15 anos em Angola, Mangwana não teve dificuldade em reunir alguns grandes nomes, entre eles baterista Jean Emile Biayenda, fundador do Tambours de Braza; Isabel Gonzalez e Valerie Belinga, ex-coristas de Manu Dibango ou Ray Lema; Colin Laroche, ex-guitarrista da cantora costa-marfinense Dobet Gnahoré.

    Com esta “dream team”, ele pretendia se apresentar em Paris, em Fevereiro. Mas devido à Covid isso não aconteceu. No seu lugar, um show transmitido em streaming que teve cerca de 480 mil visualizações.

    Questionado pela AFP, Sam Mangwana lembra como se tornou cantor no final da adolescência. Estudou em Kinshasa, onde viveu com a família depois de fugir de Angola, “um dia um amigo de infância disse-me: “Como compõe melodias bastante interessantes, posso ligá-lo ao Rochereau? ” Tabu Ley Rochereau, a estrela da rumba congolesa, alistou-o na hora.

    Reputação sólida

    “Imagine um jovem cantor de 17 anos acompanhando o grande Rochereau, em Kinshasa, em 1963! Foi fantástico, extraordinário!”, recorda, nostálgico, o cantor.

    Várias canções de “Lubamba” têm o sabor desta rumba congolesa.

    Este género musical totalmente original, uma fusão dos cubanos “son montuno” e “cha cha cha”, polirritmias da África Central, com cantos em lingala e guitarras, nasceu no final dos anos 1940.

    Por décadas, o género anima Leopoldville – que se tornou Kinshasa em 1960 – e Brazzaville, onde pululam bailes e orquestras, mas também toda a África subsaariana. A rádio ajudou a popularizar.

    Nesse período de euforia, Sam Mangwana, familiarizado com o canto desde cedo no coral da sua escola, conquistou uma sólida reputação dentro das duas grandes orquestras da época, a African Fiesta, de “Seigneur” Rochereau e o TPOK Jazz, de Franco.

    Sam Magwana fez a diferença graças ao seu domínio de línguas, noções de teoria musical, talento como compositor e consciência política.

    Com a proclamação da independência de Angola, em 1975, Mangwana decide regressar, cumprindo uma promessa feita aos seus pais. Na bagagem, a ideia de participar na reconstrução do seu país de origem.

    “Como um peixe na água”

    Mas a guerra civil eclode rapidamente. O cantor embarca noutra aventura: Togo, Gana, Nigéria, Camarões, entre os muitos países africanos onde escalou, antes de se estabelecer em Abidjan, antes da França, nas décadas de 1980 e 1990.

    Durante este período, navega entre a rumba, salsa, semba angolana, mandingo, soul music, influências malgaxes ou sul-africanas. A sua carreira assumiu uma dimensão internacional. Ele convida Kanté Manfila, Murray Head ou Manu Dibango para sua mesa. Na decáda de 1980, gravou e lançou um disco em Maputo, Moçambique.

    “Sempre me considerei um exilado”, diz o cantor que se autoproclama “cidadão do mundo”, mas filho do Congo. A rumba congolesa ainda constitui a espinha dorsal de seu repertório.

    “Eu convivi com os pioneiros dessa música, não consigo me livrar dela e tenho dificuldade em me desviar da estrutura. Nesse estilo, sou como um peixe na água.” confessa.

    Aos 76 anos, o cabelo ficou branco, mas as suas melodias não envelheceram nem um pouco.

    Depois de alguns festivais de verão, Sam Magwana volta a actuar em Paris, França, concretamente a 12 de Outubro. Será no palco do popular “New Morning”.

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    FonteVoA

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