O líder da bancada parlamentar do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) acusou hoje o presidente em exercício do parlamento da Guiné-Bissau de estar deliberadamente a inviabilizar o funcionamento da instituição.
Depois de na sessão de maio se ter recusado a participar nos trabalhos, na sessão parlamentar deste mês o PAIGC está presente mas um diferendo com o segundo grupo parlamentar, do Partido da Renovação Social (PRS), está a impedir o normal funcionamento do órgão.
Hoje os trabalhos foram de novo suspensos, na sequência da presença de militares da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) no local. Por esse motivo o PAIGC ausentou-se temporariamente e o presidente da mesa, Ibraima Sory Djaló (PRS) suspendeu as atividades por 24 horas.
Em conferência de imprensa, Rui Diã de Sousa, líder parlamentar do PAIGC, que tem 67 dos 100 assentos parlamentares, disse que o partido, embora pudesse, “não seguiu a via do bloqueio” e quer continuar “a contribuir para que a Guiné-Bissau viva melhores dias”.
No entender do deputado, é Sory Djaló quem bloqueia o funcionamento normal da Assembleia Nacional Popular (ANP) ao suspender os trabalhos, numa “atitude antidemocrática”.
O responsável disse que o PAIGC vai “continuar a chamar a atenção para as falhas que vão acontecendo”, porque “é essa a sua obrigação e responsabilidade”. “Estaremos lá todos os dias, a não ser que os militares nos impeçam de aceder ao espaço dos nossos trabalhos”, garantiu.
O PAIGC quer o preenchimento das vagas na mesa da Assembleia, nomeadamente o lugar de primeiro vice-presidente, deixado vago com a saída de Serifo Nhamadjo para o cargo de Presidente da República de transição.
“Esse lugar vago tem de ser preenchido para o normal funcionamento da Assembleia, é um lugar do PAIGC. A Assembleia não pode funcionar só com um presidente, não estamos a inventar nada”, disse Diã de Sousa.
Sobre a sessão de hoje ter sido de novo suspensa o líder parlamentar do PRS, Serifo Djaló, disse que o PAIGC se precipitou a abandonar os trabalhos e que não o devia ter feito.
Com o golpe de Estado de 12 de abril e a consequente passagem de Serifo Nhamadjo, então primeiro vice-presidente do Parlamento para o cargo de Presidente da República de transição é Ibraima Sory Djaló, então segundo vice-presidente do hemiciclo, quem passou a liderar o parlamento guineense.
FONTE: Lusa