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    Futebol: Zeca Martins encara a formação como “tábua de salvação”

    José Lopes Martins ou simplesmente Zeca Martins, como é conhecido nas vestes de comentarista desportivo angolano, não esconde a insatisfação pelo momento menos bom por que passa o futebol no país. Face a isso, admitiu, em entrevista ao Jornal de Angola, que a forte aposta na formação é o caminho para a salvação da modalidade.

    Sempre ao seu jeito, o antigo comentador da Rádio Cinco, que nos últimos tempos prestava uma colaboração ao canal televisivo PalancaTV, teceu duras críticas à falta de condições de trabalho nos clubes nacionais e à escassez de competições nos escalões etários inferiores. “Está uma lástima o nosso desporto-rei”, disse Zeca Martins, focando a crítica, particularmente ao presidente da Federação Angolana de Futebol (FAF), Artur de Almeida e Silva, e aos clubes.

    O nosso interlocutor assume, por outro lado, não vislumbrar um bom futuro para o desporto-rei angolano. “A única salvação para o futebol (e o desporto) angolano é apostar na formação. Não há meio termo! O resto é utopia, é vender banha de cobra, ou seja, fazer falsas promessas e vender ilusões. Quem quiser acreditar em ilusionistas, que continue. A mim não têm capacidade de aldrabar”, argumentou.

    Selecções jovens

    Já no tocante às Selecções Nacionais jovens, apesar de um e outro bom resultado que surge aqui e acolá, dificilmente podem elevar demasiado a fasquia em termos de performances, “já que nos clubes não há condições de trabalho”, como salienta. Zeca Martins vai ainda mais longe, realçando o facto de quase não haver competições federadas desses escalões. “Hoje nenhuma província tem provas regulares nessa vertente.

    Portanto, um país como o nosso, com 18 províncias, quase não há clubes que tenham juvenis e juniores”, sublinhou, acrescentando, por outro lado, que hoje por hoje no futebol mundial quase já não há futebolistas de geração espontânea. O ex-comentarista da Rádio Cinco revela, ainda, que nos tempos que correm, além da aptidão e talento (um pouco, pelo menos), os futebolistas também têm que trabalhar muito em todas as vertentes (técnica, física e psicológica). Mas, para isso, como argumenta, “é necessário criarem-se condições, e por cá muito poucos clubes as providenciam”.

    Ida ao Mundial’2006 “foi algo inenarrável”

    Noutro ângulo da abordagem feita com o Jornal de Angola, Zeca Martins, recuou no espaço e no tempo para trazer à baila a inédita qualificação da Selecção Nacional de Futebol de Honras ao Campeonato do Mundo que teve lugar em 2006, na Alemanha. Apesar de fazer questão de, na vida, ser pessimista, e não se surpreender nem entristecer com os revezes, mas alegrando-se com os êxitos, o nosso interlocutor revela que os sucessos, na sua forma de ser, “são inesperados e surpresas”.

    No concernente particularmente à qualificação de Angola para o Mundial de Futebol de 2006, cuja estreia ocorreu num dia 11 de Junho, frente à Portugal, Zeca Martins sublinhou que “foi algo inenarrável”. “A Selecção de Angola brilhou na Alemanha. Superou todas as minhas expectativas ao obter dois pontos. Foi excelente”, completou.

    Para o antigo comentarista, Luís de Oliveira Gonçalves, que orientou o conjunto desde a fase de apuramento até à disputada da grande cimeira que teve lugar na Alemanha, foi o grande obreiro desse feito. “Na minha óptica, o grande o segredo da qualificação esteve no timoneiro que, até hoje não percebi como soube preparar a campanha qualificativa, levando-a a sério desde a primeira jornada, surpreendendo, assim, tudo e todos, a mim mais do que a ninguém”, revelou Zeca Martins.

    Não obstante reconhecer a grandiosidade que representou a qualificação inédita da Selecção Nacional de Honras para o Mundial, desvendou, por outro lado, que em termos de talento individual, qualidade técnica de cada jogador, não foram os melhores futebolistas angolanos que viu jogar. Longe disso, Zeca Martins explica que os Palancas Negras já tiveram, noutras ocasiões, “jogadores claramente melhores” do que os que desfilaram na Alemanha, em 2006.

    Além do jogo de estreia no Grupo D do Mundial, a 11 de Junho de 2006, em que perderam por 1-0, frente a Portugal, em Colónia, os Palancas Negras obtiveram depois dois empates na fase preliminar da competição. Primeiro 0-0, diante do México, a 16 de Junho, no Estádio de Hannover, e depois a um tento, frente ao Irão, no duelo disputado quatro dias depois em Zentralstadion, na cidade de Leipzig.

    No duelo contra os iranianos, Flávio Amado fez a diferença, ao tornar-se no primeiro futebolista angolano a marcar um golo numa fase final do Campeonato do Mundo, enquanto Zé Kalanga voltou a ser o autor do cruzamento, tal como ocorreu na cabeçada certeira de Akwá, em Kigali, Rwanda, frente à equipa da casa, a 8 de Outubro de 2005, que ditou a qualificação inédita de Angola ao Mundial.

    Covid-19: “As medidas tomadas foram muito absurdas”

    Muito contundente às críticas feitas em relação às medidas tomadas por certos países do mundo no que diz respeito à propagação de casos da pandemia da Covid-19, que continua a ceifar milhares de vida em diferentes latitudes do globo, Zeca Martins assume alguma incredulidade e censura generalizada sobre o assunto.

    “Parece-me que as medidas tomadas para enfrentar a situação foram absurdas, exageradas e que se não destruírem o mundo, pelo menos estrangularam-no economicamente e aniquilam-no socialmente”, começou por realçar. O interlocutor do JA é contra a política de parar países inteiros, acabar com empresas e, consequentemente, com o emprego de milhões de pessoas e de famílias, face aos efeitos nefastas que isso acarretará.

    “Esses mesmos países que puseram as pessoas em casa, estão agora a mandar trabalhar porque já não aguentam mais. A situação tornou-se insustentável! O uso obrigatório das máscaras teria, certamente, atenuado os efeitos da Covid 19, sem as consequências nefastas económico-sociais a que as medidas tomadas conduziram o mundo”, disse.

    Zeca Martins recua no espaço e no tempo para argumentar que “sempre morreram milhões de pessoas, diária e anualmente no mundo, de várias doenças e moléstias”, como gripe, tuberculose, cancro, sarampo, paludismo, malária, diarreia, fome e outras. Daí, questiona se alguém se deu ao trabalho de contabilizá-las e divulgá-las diariamente?

    “Isso já fez paralisar o mundo. Assumo-me como ignorante, mas considero que grassou a burrice em quase todo o mundo. Houve histeria a mais! Nesse quesito eu concordo com os Presidentes Donald Trump, Jair Bolsonaro, acho que Vladimir Putin, também”, concluiu Zeca Martins, que admite, se calhar, ter falado mais do que suficiente sobre a Covid-19, que é visto como um inimigo invisível.

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