RFI | Miguel Martins
“Bacurau” é a única longa metragem em português em competição no Festival de cinema de Cannes. Os brasileiros Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles realizam um filme sobre uma comunidade aldeã que vai resistir aos ataques que a visam aniquilar e riscar do mapa.
A estrela Sónia Braga, celebrizada nomeadamente em 1975 através da telenovela “Gabriela”, volta ao grande ecrã num filme de Kleber Mendonça Filho.
Este mito da cultura brasileira que em 2016 fora a protagonista do filme “Aquarius” encarna o papel de médica anciã da comunidade rural de Bacurau.
O candidato à sua reeleição para a área não olha a meios para por cobro à hostilidade da população e procura riscar a aldeia do mapa.
E isto com recurso a milícias estrangeiras fortemente armadas num filme particularmente pontuado pela violência.
“Bacurau” disputa a Palma de Ouro da edição 2019 deste Festival de cinema de Cannes onde é o único filme lusófono e latino-americano em competição na selecção oficial, conjutamente com outras 20 películas.
De lembrar que o certame deste ano fica marcado por pela primeira vez um presidente do júri ser latino-americano, o mexicano Alejando González Iñárritu.
Kleber Mendonça Filho admitiu em entrevista a Silvano Mendes “não concordar com nada” com o actual do chefe de Estado, Jair Bolsonaro, enquanto Juliano Dornelles se demonstrava esperançado em que os brasileiros resistam às reformas do sector, tidas como hostis à cultura.
Um “monumento na história do cinema brasileiro”, eis como Mendonça Filho se refere a Sónia Braga que volta, assim, aos ecrãs de Cannes, após se ter radicado essencialmente nos Estados Unidos.