A reconstituição anual da feira do Dondo constitui-se num elemento de memória, que visa perpetuar o contexto histórico colonial vivido pelos ancestrais, declarou hoje, quinta-feira, no Dondo, província do Cuanza Norte, o Secretario de Estado da Cultura, João Constantino.
De acordo com o governante, este ambiente vivido na altura, tornou a vila do Dondo num importante entreposto comercial, transformado em ponto de embarque dos escravos capturados no reino, em jeito de produto, enviado para a Europa, América e outros pontos do continente africano, para nunca mais voltar.
Falando na cerimónia de abertura da IX da feira do Dondo, o governante referiu que o Dondo, é um marco indelével na expansão do colonialismo, que além da sua penetração, promoveu as trocas comerciais no reino do Ndongo, congregando caravanas idas das Lundas, do planalto de Camabatela, de Malanje e do Bié.
Apoiando-se na história colonial, fez saber, que nesta altura, foram construídas vária infra- estruturas ao longo do corredor do Kwanza, com realce para a histórica vila do Dondo, os fortes de Massangano e de Cambambe, como principais referências que estimulam o resgate da história do reino.
Perante esta realidade, prosseguiu, o Ministério da Cultura tem na sua agenda, o incentivo a realização permanente da feira do Dondo, que abarca ainda a componente diplomática para a justificação da pretensão do executivo angolano, em inscrever a candidatura do corredor do Cuanza, junto da UNESCO, como património da humanidade.
Para a concretização desta pretensão, advogou a importância e a necessidade do envolvimento do tecido empresarial, que deve continuar a investir no desenvolvimento e modernização da feira, dando primazia a inclusão das marcas locais, sobretudo, nos domínios da agricultura, da pesca e do artesanato.
Por seu turno, a vice- governadora para o sector político, social e económico, Leonor da Silva Ferreira, que falou em nome do governo local, sublinhou que o evento continuará a ser uma fonte de pesquisa para os estudantes, tendo em vista a necessidade da contínua divulgação do legado da região do Ndongo.
“Esta exposição, exalta o valor patrimonial da cultura local, que deve ser perpetuado, incluindo pela nova geração, como forma de honrar o contributo prestado pelos antepassados, na construção de Angola”, sustentou.
O programa da feira, que encerra oficialmente na tarde de sábado (15 de Dezembro), decorre sob o lema: “Feira Dondo – local tradicional de convergência cultural e negócios”, e inscreve ainda exposições fotográficas que retratam vários aspectos do reino do Ndongo, visitas a locais turísticos, concurso de leitura infantil, palestras sobre variados temas, entre outros atractivos.
A Feira do Dondo tem como finalidade a reconstituição da história do reino do Ndongo, com destaque ao corredor do Kwanza, como principal via de penetração colonial ao interior do país.
Na presente edição participam 142 expositores dos ramos do artesanato, cestaria, gastronomia, estilística, agricultura, olaria e livreiros, oriundos dos sete, dos dez municípios da província do Cuanza Norte, de Luanda e Cabinda, contra os 65 expositores, que participaram da oitava edição, realizada em Dezembro do ano transacto. Houve um acréscimo de 77 expositores.
