A esposa do ex-dirigente chinês Bo Xilai, acusada de assassinar um britânico, foi rapidamente julgada nesta quinta-feira em um processo que busca por fim a um dos maiores escândalos políticos da última década no país comunista.
O julgamento foi feito em uma sessão única em função das tentativas do poder de Pequim de abafar o quanto antes o caso, que expõe as profundas divisões na cúpula comunista, a dois meses de uma transição política crucial no Partido Comunista chinês.
O veredicto deverá ser conhecido posteriormente.
A defesa indicou que não rebateu a acusação de homicídio intencional que pesa sobre Gu pela morte, em novembro de 2011, do empresário britânico Neil Heywood, de 41 anos, envenenado com cianureto em um quarto de hotel de Chongqing, a megalópole chinesa da qual o marido da acusada, Bo Xilai, era prefeito.
A acusação afirma que foi a própria Gu que envenenou Heywood depois de tê-lo embebedado.
Gu Kailai, advogada internacional de prestígio e escritora reconhecida, assim como seu marido, tinha boas relações com o britânico até se desentenderem por questões financeiras.
O advogado de Gu, Tang Yigan, indicou, ao fim da audiência, que espera que o tribunal leve em consideração, ao pronunciar a sentença, a cooperação de sua cliente com a investigação.
Diplomatas britânicos assistiram ao julgamento, um acontecimento notável, já que as autoridades chinesas costumam impedir a presença de estrangeiros nos tribunais.
Quatro oficiais da polícia também serão julgados esta semana por terem tentado ajudar Gu a fugir da justiça, informou a agência oficial Xinhua.
Dezenas de policiais uniformizados e à paisana foram posicionados junto ao tribunal. Uma militante que fez um apelo em favor de uma maior abertura na China foi detida, segundo um jornalista da AFP.
De acordo com analistas, Gu Kailai será considera culpada, ainda que, em princípio, não seja condenada à morte.
Seu futuro e o de seu marido, no entanto, dependem do resultado da luta política que ocorre na cúpula do poder executivo, segundo os especialistas, pouco antes do XVIII congresso do Partido Comunista, em que uma nova geração de dirigentes chegará ao poder para os próximos dez anos.
De acordo com a agência oficial Nova China, a acusação tem provas “irrefutáveis” contra Gu, o que poderia significar que a mulher, de 50 anos, confessou seu crime.
O ministério britânico de Relações Exteriores indicou no sábado que vários de seus diplomatas iam comparecer ao julgamento, algo extraordinário tendo em conta que as autoridades chinesas rejeitam a presença de representantes estrangeiros nos tribunais.
Bo Xilai, uma figura política ascendente que parecia que iria chegar muito alto, caiu em desgraça por seu envolvimento em casos de corrupção.
Em fevereiro, Wang Lijun, vice-prefeito de Chongqing e conhecido por ser o braço direito de Bo, foi afastado de seu cargo oficialmente por “exaustão” e buscou asilo no consulado geral dos Estados Unidos no sudoeste da China, onde explicou tudo o que sabia sobre a esposa do político.
Desde então, o casal não voltou a aparecer em público e não se sabe onde estão detidos.
Fonte: AFP
