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    Eleições 2017 – corrente interna do MPLA contra a corrupção

    Aparecem, felizmente, nos partidos políticos da nossa terra – e mesmo no seio do MPLA – em vésperas das próximas de 23 de Agosto, cidadãos que para lá de serem militantes são patriotas e que procuram mostrar que o nosso país não se esgota no sistema político que está montado desde a independência. Sistema que, mesmo a UNITA ou a CASA (os partidos que agora em 2017 têm alguma possibilidade de disputar o poder ao MPLA) correm o risco de reproduzir se lhes calhar chegar ao poder, e que como todos os angolanos sabemos, assenta nas “fidelidades partidárias” e na distribuição da riqueza nacional por entre os dirigentes do partidos que governa e suas famílias.

    Neste artigo apresentamos uma corrente de ideias no seio do MPLA que vai ganhando cada vez mais força e que pode influenciar a postura do “partido dos camaradas”. O MPLA é um dos partidos concorrentes que pode ganhar as eleições, mas que sabe que a sua vitória e o tamanho da sua eventual maioria depende da “mensagem” que o seu candidato apresente à população, que cada vez menos acredita no discurso “colorido” e repetitivo. E que já não tem dúvidas que o enriquecimento dos principais dirigentes actuais e das suas famílias é fruto exclusivo da corrupção desenfreada e descarada e que a desconcertante mediocridade dos serviços essenciais do Estado (energia, água, saúde, educação e habitação) constituem a pesadíssima factura que o MPLA já não consegue explicar nem convencer, sem denunciar os verdadeiros males e culpados dessa situação.

    A corrente interna do MPLA de que este artigo (abaixo) se refere dirige-se pela primeira vez ao grande público angolano e explica o seu principal inimigo: a corrupção da classe governante e a sua aliada: a incompetência. E começa por apresentar uma proposta de integrantes do futuro governo, baseada num espírito mais patriótico do que militante. Algo que, pensam eles que ainda é possível, está ao alcance do MPLA, mais do que de qualquer outro partido político.

    Propõem um governo constituído por um total de 45 homens e mulheres, cujos nomes são apresentados no texto abaixo, repartidos nas seguintes categorias e sectores:

    – 5 ministros de Estado (Soberania, Economia, Relações Exteriores)

    – 23 ministros (Administração do Estado, Produtivo, Social e Institucional)

    – 14 secretários de Estado (para os sectores fundamentais)

    – secretário do CM (Conselho de Ministros)

    – governador do Banco

    – alto comissário para a Luta Contra a Corrupção

    A proposta inclui nomes valiosos quadros que, alguns, se afastaram das lides políticas e de governação e a quem o MPLA deveria fazer apelo, encarregando-os de mudar a forma de governar o país, para que o nosso povo volte a acreditar na possibilidade de se construir uma sociedade justa e mais democrática.


    Um Governo que possa Melhorar o Bom e Corrigir o Mau

    Fontes de confiança no seio do partido maioritário dão conta da existência de uma corrente auto-denominada “progressista e de unidade nacional”, que vem tentando desenvolver dentro do MPLA um espírito de verdadeira mudança, que assente numa efectiva aplicação da palavra de ordem com que o partido dos camaradas se apresenta as próximas eleições presidenciais e legislativas. “Há muito que mudar para o pais poder avançar, incluindo a Constituição e a forma de governar, mas a mudança que o pais precisa não pode ser alcançada de um momento para o outro” – afirmou um membro do Bureau Politico, que se diz próximo dessa corrente e que por enquanto prefere manter-se no anonimato. A referida corrente defende a ideia de que um governo que salve o pais e assegure a estabilidade, terem de fazer claras rupturas sobretudo na escolha das pessoas que vão gerir o pais nos próximos anos.

    Em Angola não há pior mal que a corrupção!” – o lema que norteia estes quadros do MPLA. “E aliada a corrupção, a ma governação e a incompetência. É preciso recuperar os quadros que já provaram que queriam realmente servir o pais em diferentes áreas e que foram afastados injustamente, seja por razoes de conjuntura e de conveniência de interesses, seja terem adoptado depois de nomeados uma postura que punha em causa os vícios do sistema. E ao mesmo tempo ir buscar aqueles que, apesar de serem patriotas e competentes, nunca chegaram aos postos de comando por se temer que haveriam de prejudicar e rejeitar as praticas corruptas e de compadrio”.

    Acrescentou ainda que o futuro presidente não se pode dar ao luxo de manter no governo aqueles que mais contribuíram para a ma imagem do MPLA nos últimos 40 anos, e que deveria apenas guardar os que ainda mantém um perfil com um mínimo de dignidade e respeitabilidade.

    Interrogado sobre se ainda se vai a tempo ate as eleições para uma tal transformação no seio de um partido tão viciado em tais praticas de combina e de esbanjamento do erário publico, o porta-voz da corrente afirmou que “é preciso dar um sinal claro, compondo um governo credível que permita reabilitar gente qualificada que deixou de acreditar e se afastou, assim como identificar novos quadros, jovens e menos jovens, dedicados e honestos, dar-lhes lugar no aparelho de Estado. Quadros que o pais tem, mas que desaproveita. E a nova direcção do pais – os seus presidente e vice-presidente, que ao abrigo da Constituição são os chefes executivos do governo – devera funcionar de forma mais colectiva, aceitando o debate no seu seio, aproveitando a experiência e a capacidade de trabalho de cada um, formando um governo que mostre ao Povo uma imagem de consenso e de crença nos programas que aplica, mudando a actual e desgastada imagem de seguidismo e permanente bajulação – onde cada governante sempre teve medo de desagradar ao Chefe por temer deixar de beneficiar das benesses, ambiente que fez tanto mal ao pais. No caso em que o MPLA ganhe efectivamente estas eleições têm uma ultima oportunidade de recuperar o prestigio há muito tempo perdido e mostrar que tem vontade de mudar as coisas verdadeiramente, para o interesse do Pais, e isso significa não ter medo de ir buscar os melhores quadros disponíveis de que o Pais necessita, e que estejam na esfera de influencia do MPLA, independentemente da sua condição social e origem étnica, sexo, cor de pele e grau de ligação a esta ou aquela família, começando assim o longo processo que levara o Pais a modernidade que tanto necessitam”. Em resumo: manter aqueles que ainda podem ser salvos e que tenham dado provas, e dar oportunidade a nova gente, com base em novos critérios.

    Esta tendência “progressista e de unidade nacional” afirma que foram criadas condições para avançar com as suas propostas desde que o candidato João Lourenço foi designado. Mas as resistências que se oferecem no seio do seu partido onde a maioria tem medo e prefere manter as coisas como sempre estiveram, sobretudo no que diz respeito aos compadrios e favoritismos na escolha dos governantes e postos chaves do pais, são enormes. As nossas fontes asseguram que os integrantes da referida corrente terem já bastante avançada a reflexão sobre as mudanças de fundo que o pais precisa e optou por ir revelando as suas propostas a sociedade através dos média, uma vez que a dinâmica de debate interno dentro do partido, com todos os seus formalismos e filtros, esta de momento fechada, sob o pretexto que “não há tempo para debates internos”. É assim que a primeira revelação e uma proposta de nomes que poderiam ocupar os principais postos de um governo – um governo constituído na base dos critério acima enunciados – e que teria como missão fundamental assegurar a transição e inspirar confiança no pais. A proposta cuida de não modificar em demasia a estrutura actual de governação evitando gastos desnecessários, reagrupando até algumas pastas para uma acção mais eficiente e coerente. Mas ainda assim percebe-se que há novidades, sendo uma das principais a criação de uma instituição que se ocupe especificamente do combate a corrupção. Parece haver algum optimismo nos integrantes desta corrente, que afirmam existirem contactos com a entourage mais íntima do candidato dos camaradas, que lhes permite acreditar que o futuro presidente está aberto a novas ideias, e que boa parte dos nomes evocados já terão sido consultados sobre a sua disponibilidade.

    (DR)

    (Nota enviada a nossa redacção com pedido de publicação)

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