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    Diretor de presídio onde ocorreu massacre no AM é afastado do cargo

    No início do ano, 56 presos foram mortos dentro do Compaj em Manaus.
    Afastamento foi confirmado pelo secretário de Segurança nesta terça (10).

    O diretor interino do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), José Carvalho da Silva, foi afastado do cargo nesta terça-feira (10) por suspeita de receber propina de uma facção. Ele estava no posto desde 28 de novembro de 2016. A decisão foi confirmada pelo secretário de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes.

    Presos afirmam em cartas que o diretor interino ganhou dinheiro para permitir a entrada de armas e drogas na unidade prisional. No início do ano, 56 presos foram mortos em um massacre e 112 fugiram do Compaj.

    “Não estou acompanhando isso, não sei o destino e o teor da carta. Quando chegaram as cartas, ele [José Carvalho da Silva] foi afastado. Ele se encontra afastado para responder a procedimentos, temos que tomar certo cuidado nesse momento de crise. Se houver indício [de irregularidades], mínimo, o cargo é de segurança, e ele pode ser afastado a qualquer hora”, diz o secretário.

    Em nota, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) afirma que uma sindicância sobre a atuação de José Carvalho da Silva foi aberta na última quinta-feira (5).

    Denúncias de presos
    Em 10 de dezembro, uma carta assinada por dois presos denunciou um esquema de corrupção na prisão. Um deles acabou morto na chacina do dia 1º de janeiro. Segundo o texto, a facção Família do Norte (FDN) pagou propina para a diretoria facilitar a entrada de armas, drogas e celulares no local.

    A carta foi escrita à mão e enviada à Defensoria Pública do Estado (DPE-AM), que informou que a denúncia dos detentos deverá ser investigada pelo Ministério Público.

    A vítima da chacina contou no texto que tinha medo de morrer e pedia para continuar na ala de guarda-volumes do Compaj. Ele cumpria pena separado dos demais presos, por ter recebido ameaças de morte. Segundo um documento de 2015, o preso era ameaçado por ter decidido deixar a FDN.

    Sobre as acusações, o G1 tenta resposta da Seap desde a última quinta-feira (5), quando foram feitos contatos por e-mail e telefone. A reportagem fez novos pedidos de informação à Seap e à assessoria de comunicação do Estado entre a última sexta-feira (6) e esta terça (10). Não houve retorno até a publicação deste texto.

    Detento denunciou corrupção de diretores do Compaj (Foto: Reprodução)

    Entenda o massacre
    A rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim ocorreu no dia 1º de janeiro. O motim durou mais de 17 horas e foi considerado pelo secretário como “o maior massacre do sistema prisional” do Estado. Foram 56 corpos.

    No dia seguinte, outros quatro presos morreram na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP), na Zona Leste de Manaus. Uma semana depois, outros quatro foram assassinados na Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa, aumentando para 64 o número de detentos mortos desde o início da crise.

    A polícia do Amazonas apontou sete presos como líderes do massacre. Documentos o Ministério Público Federal (MPF) dizem que estes líderes têm estreita relação com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc. Segundo o MPF, os traficantes brasileiros teriam comprado pistolas, fuzis e submetralhadoras do mesmo fornecedor de armas do grupo de guerrilha colombiano.

    Diversos relatórios elaborados antes da rebelião já apontavam risco iminente no presídio de Manaus. Um texto do setor de inteligência da Secretaria de Segurança Pública alertava para um plano de fuga no regime fechado do Compaj. Além disso, dizia que oito armas de fogo tinham entrado no presídio na semana anterior ao Natal por meio de visitantes e com a ajuda de agentes.

    Documentos emitidos pela administradora do presídio, a Umanizzare, alertava para o risco de se permitir visitas no fim do ano aos presos. O governo estadual havia permitido que cada um dos mais de 1,2 mil presos pudesse receber ao menos um acompanhante no Natal e no Ano Novo.

    No dia 27 de dezembro, quatro dias antes da rebelião, a empresa ainda pediu providências imediatas porque, no dia 24, com autorização da secretaria do governo, os horários de visitas não foram respeitados, o que prejudicou a revista de celas e a contagem de presos. (G1)

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