Jornal Visão | Olímpio Carlos
Considerado insubmisso por alguns, mediático e homem de cultura por outros, o deputado pela bancada parlamentar da Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE) afirmou estar a ser atraído pela UNITA e, principalmente, pelo MPLA para fazer parte das suas fileiras, propostas que disse estar a ponderar.
Falando a Rádio Despertar no habitual programa “Hora das Perguntas”, o também jornalista e biólogo revelou que quanto ao maior partido da oposição o convite lhe foi formulado pelo actual Secretário-geral Adjunto, Rafael Massanga Savimbi, que pretende que Makuta seja autarca do seu partido, no município de Cacuaco. “Pela forma como disse, não acredito que ele estivesse a brincar”, aferiu.
É caso para dizer que, em pouco tempo, Augusto Makuta Nkondo transformou-se de besta para bestial. Ele mesmo disse que do lado do MPLA, as propostas vêm dos grandes: depois de ter recebido propostas para governador provincial, hoje é quisto pela Vice-presidente do partido no poder, Luísa Damião, e pelo actual Secretário-Geral, Paulo Pombolo, com quem disse manter relações muito cordeais. “Estou a ponderar”, asseverou, atestando que um homem como ele não pode tomar decisões irreflectidas.
Fez saber que o facto de serem da mesma comissão de trabalhos na Assembleia Nacional, os aproximam ainda mais. “Tanto Massanga como a Luísa somos da mesma comissão e trabalhamos juntos”, enfatizou.
Referiu-se aos acontecimentos tristes da sua trajectória, não muito por ter sido na militante assumido UPA, mas enquanto funcionário do Estado, que disse terem sido caracterizados por expulsões e suspensões devido ao seu comportamento inconformista com o sofrimento do povo. “Até agora, mantenho a minha posição de estar ao lado dos que sofrem, ao lado dos que são maltratados; é isso que muita gente não entende”, referiu.
Este seu procedimento, acrescentou, é que tem levado a muitas especulações. “Alguns dizem que Makuta Nkondo é confusionista, os outros dizem que parece que o Makuta já está no MPLA ou noutro partido, mas eu devo defender o povo e não as formações políticas. Para mim, o que está errado deve ser criticado; foi assim na UNITA e é assim na CASA-CE, é assim que me aturam, se bem que, às vezes, trancam as caras e não me cumprimentam”, sublinhou.
UNITA precisa de um presidente Bantu
Agora que o partido do Galo Negro se prepara para mais um congresso ordinário onde, tradicionalmente, é eleito ou reconfirmado o presidente do partido, Makuta Nkondo considera que a UNITA precisa de um partido de origem Bantu.
“Como Holden Roberto, Savimbi era puramente do Bié, ovimvundu e bantu. Mesmo em relação Samakuva, diziam que ele parece que é da Zâmbia, mas eu conheço Samakuva: é meu amigo pessoal. Ele pode estar zangado comigo e eu também zangado com ele, mas a nossa zanga é de marido e mulher”, referiu, deixando claro que ele aprecia muito bem o actual presidente da UNITA.
“Graças a ele que estou no parlamento, foi ele que me introduziu no parlamento; não pedi e nem nada, mas ele próprio disse-me: coloquei o teu nome na lista”, afamou, reiterado o carácter bantu que envolve o líder dos ‘maninhos. “Fez uma visita no leste de Angola, veio a Luanda e foi recebido por João Lourenço, e à saída do encontro, ele disse que a situação está mal e deu um exemplo dos bantu: o preço do saco de fuba é este, do feijão é aquele, mas nunca se referiu ao preço do saco de batata rena ou de bife ”, referiu, dizendo que isso fez-lhe rir bastante.