O congressista republicano por Nova York Christopher Collins foi acusado de usar informação privilegiada em transacções na Bolsa ligadas a uma empresa australiana de biotecnologia de cuja directoria ele fazia parte – informou a Procuradoria de Manhattan nesta quarta-feira (8).
Collins, seu filho Cameron e Stephen Zarsky – pai da namorada de Cameron, segundo a imprensa local – são acusados de se beneficiarem da venda de acções da empresa Innate Immunotherapeutics, com base em uma informação privilegiada do congressista.
Com acções cotadas nas Bolsas de Sydney e de Nova York, a empresa australiana se dedica, principalmente, à pesquisa e ao desenvolvimento de um remédio chamado MIS416 para tratar da esclerose múltipla secundária progressiva. O estudo é potencialmente muito lucrativo, porque quase não há medicamento para essa doença.
Christopher Collins era um dos principais accionistas da empresa, com 16,8% de seu capital accionário. Já seu filho tinha 2,3% das acções.
Na ata de acusação, o governo garante que, quando Christopher soube do fracasso do teste sobre a eficácia clínica do MIS416, em Junho de 2017, passou essa informação para os outros dois co-acusados. Estes venderam suas acções antes da divulgação do resultado, com o objectivo de minimizarem suas perdas.
Segundo a Procuradoria, os três acusados e outras seis pessoas alertadas por eles evitaram, com isso, mais de US$ 768 mil em perdas.
Após o anúncio do fracasso do teste em Junho do ano passado, o preço da acção da Innate Immunotherapeutis despencou 92%, caindo de 17,7 dólares australianos em Janeiro de 2017 para apenas cinco centavos.
“Responderemos às acusações apresentadas contra o congressista Collins na Justiça e apresentaremos uma vigorosa defesa para limpar seu bom nome”, disseram os advogados Jonathan Barr e Jonathan New na conta de seu cliente no Twitter.
Segundo eles, Collins não tirou proveito da situação, já que não fez por si mesmo qualquer transacção financeira da Innate Therapeutics. Eles disseram estar confiantes em que seu cliente “será completamente inocentado” das acusações.
Collins foi o primeiro representante do Congresso americano a apoiar publicamente, no início de 2016, a pré-candidatura do magnata nova-iorquino Donald Trump às primárias republicanas.
“As acusações contra Collins exigem uma investigação rápida e completa do Comité de Ética da Câmara de Representantes”, declarou nesta quarta o presidente da Casa, o também republicano Paul Ryan, que informou que o congressista foi suspenso do Comité de Energia e Comércio até o anúncio de uma sentença judicial.
“O uso de informação privilegiada é uma clara violação da confiança do público”, acrescentou Ryan. (Afp)
