Pelo menos 40 mil pessoas residentes no norte do Quénia fugiram para a vizinha Etiópia devido aos violentos confrontos entre duas tribos rivais naquela região que disputam acesso às fontes de água.
A Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho assinalou vários prejuízos e manifestou-se preocupada com estes actos de violência. Os confrontos armados que já duram há duas semanas opõem dois grupos tradicionalmente rivais, os boroma e os debra, na cidade de Mohou, na fronteira entre o Quénia e a Etiópia. Nos finais de Janeiro, 20 pessoas tinham sido mortas em com golpes de catanas e armas de fogo.
Alexandra Mateu, responsável pela África do Leste da Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, disse que as relações entre as diferentes tribos no norte do Quénia são conflituosas porque há uma necessidade cada vez maior de acesso à água, e, historicamente, as tribos confrontam-se na procura de pastagens para o gado. Os conflitos são habituais, mas este ano os actos de violência adoptaram novos contornos e os responsáveis humanitários admitem motivações políticas para o controlo das regiões.
Segundo a nova Constituição do Quénia, os controlos orçamentais e a gestão dos recursos são a partir de agora da responsabilidade das autoridades regionais, constatando-se igualmente uma luta pelo controlo do poder a nível local. “Isso é mais uma acha para a fogueira”, disse a responsável da Federação da Cruz Vermelha. As Nações Unidas anunciaram uma ajuda humanitária a 15 mil pessoas desde o início do conflito no norte do Quénia para onde o governo enviou forças de manutenção da ordem.