Um dia depois da proclamação da vitória de Alassane Ouattara na eleição presidencial de 31 de Outubro, regista-se uma escalada da tensão na Costa do Marfim. Novos confrontos ocorreram em várias regiões do país e os líderes da oposição, que tinha boicotado o escrutínio de sábado, estão sob prisão domiciliária. A violência pós-eleitoral na Costa do Marfim, já provocou até a data a morte de 13 pessoas. A França apelou a pôr termo aos confrontos.
Depois da proclamação da vitória eleitoral de Alassane Ouattara, com mais de 94% dos sufrágios, impasse político e escalada da tensão, pontuada por mais de uma dezena de mortos, caracterizam a situação na Costa do Marfim.
Mais duas pessoas morreram em confrontos na cidade de Toumodi, no centro, próximo de Yamoussoukro, capital do país, não obstante os apelos à calma lançados pela comunidade internacional.
Segundo Mamadou Touré porta-voz do partido no poder, as duas pessoas mortas em Toumodi, eram jovens próximos de Amédé Koffi Kouakou, ministro do Equipamento.
Touré, que também é ministro da Juventude, informou que uma coluna em que seguia o ministro da Comunicação e porta-voz do governo, Sidi Tiemoko Touré, foi atacada por atiradores entre Beoumi e Bouaké, no centro da Costa do Marfim, mas que não houve feridos.
Os principais dirigentes da oposição, nomeadamente o antigo presidente Henri Konan Bedié e o ex-primeiro-ministro Pascal Affi N’guessan, que contestam a reeleição do presidente cessante e criaram um “Conselho Nacional de Transição”, permanecem sob prisão domiciliária.
O Conselho Constitucional da Costa do Marfim deve pronunciar-se sobre a validade ou não da reeleição de Alassane Ouattara, que a oposição considera inconstitucional.
Na quarta-feira, a França lançou um apelo para que os protagonistas da crise política marfinense, ponham fim às provocações e aos actos de intimidação.
O secretário-geral da ONU, António Guterres exortou os dirigentes da Costa do Marfim a encetar um diálogo construtivo e inclusivo, com vista à um desfecho para a crise actual, bem como a respeitarem a ordem constitucional do país e os princípios do Estado de direito.
Fontes diplomáticas na Costa do Marfim informaram que as chancelarias ocidentais e africanas aconselharam a oposição a não insistir na ideia de um governo de transição e ao presidente Ouattara de optar pelo apaziguamento em vez da repressão.
Receia-se que, 10 anos depois da crise pós-eleitoral que resultou na morte de 3000 pessoas, após o então presidente Laurent Gbagbo ter recusado aceitar a vitória de Alassane Ouattara na eleição presidencial, a Costa do Marfim volte a mergulhar numa nova crise profunda, que ponha em causa a coesão do país da África ocidental.