A tomada de medidas para a preservação da vida do elefante na África Austral é o foco central da cimeira de chefes de Estado da região, que se realiza esta terça-feira, na cidade turística de Kasane, no Botswana.
De acordo com a Angop, o evento, que decorre sob o lema “Rumo a uma visão comum sobre a gestão dos elefantes na África Austral”, foi convocado pelo Presidente do Botswana, Eric Masisi, em resposta aos enormes desafios e preocupações que se colocam a nível da conservação e gestão dos elefantes.
Participaram na cimeira os presidentes do Botswana, Zimbabwe, Zâmbia e Namíbia, enquanto outros países são representados a nível ministerial.
A delegação angolana é chefiada pela ministra do Ambiente, Paula Francisco Coelho, em representação do Presidente da República, João Lourenço, além da embaixadora de Angola no Botswana, Beatriz Morais, diplomatas e altos funcionários do departamento ministerial.
A cimeira foi antecedida, na segunda-feira, por uma reunião do Conselho de Ministros, cuja Acta constitui o documento que será aprovado pela Cimeira de Chefes de Estado.
Concretamente, em relação à vida dos elefantes, a cimeira orientará os Estados Membros do KAZA a realizarem levantamentos aéreos, de forma coordenada e sincronizada, de acordo com as metodologias padronizadas, a fim de permitir a comparabilidade através da paisagem do espaço da Área de Conservação Transfronteiriça do Okavango-Zambeze.
A necessidade de revisão dos planos de gestão nacionais sobre os elefantes, como programas que devem ser alinhados com a Estratégia de Planificação de Gestão dos Elefantes do KAZA, bem como do Plano de Acção do Elefante Africano, constam igualmente das recomendações do Conselho de Ministros.
Harmonizar a gestão dos elefantes, o máximo possível, tendo em conta as particularidades e prioridades nacionais dos países, bem como a disponibilização regular sobre o número de elefantes, tendências e distribuição a todas os actores relevantes, incluindo os media, é outro dos pontos debatidos.
No respeitante ao conflito entre o homem e o elefante, o conselho recomendou que os Estados membros providenciem a planificação e a harmonização do uso integrado da terra, a nível das políticas do KAZA, bem dar incentivos comunidades que optem por criar as suas quintas ou fazendas fora dos corredores de vida selvagem.
Relativamente ao Combate ao Crime contra a Vida Selvagem, os ministros recomendaram o uso de imagens via satélite para a análise, detenção e verificação dos incidentes verificados em crimes contra a vida selvagem.
A reunião ministerial evocou a necessidade de melhoramento da colaboração regional sobre o crime contra a vida selvagem, assegurando a criação de grupos de trabalhos de combate aos crimes contra a vida selvagem, a nível de cada país, e a coordenação com a Unidade de Prevenção e Coordenação contra a Vida Selvagem.
Esta recomendação está relacionada com o estipulado na Estratégica da SADC contra a Caça Furtiva e o Cumprimento da Lei, de modo a reforçar as capacidades nos Estados Membros a nível do reforço da Lei, incluindo a formação.
A África Austral é a região onde se encontra o maior número de elefantes no continente africano, com 75 porcento destes animais a viverem na Área de Conservação Transfronteiriça do Okavango-Zambezi (KAZA), com uma extensão de cerca de 520 mil quilómetros, de que Angola é integrante.
Dados compilados pelo Programa de Abate Ilegal de Elefantes mostram que, em 2011, registaram-se os maiores níveis de caça furtiva, desde que se iniciou a fiscalização a esse nível, em 2002.
Apesar das pressões intensas sobre a matança ilegal, grande parte dos elefantes africanos continua a viver em áreas não protegidas.
Este facto constitui um desafio adicional às autoridades que zelam pela vida selvagem, bem como aos gestores dos parques nacionais, uma vez que o nível de conflito entre o homem e o elefante continua a aumentar.
O Botswana, com 130 mil espécimes, tem a maior população de elefantes do continente africano, reunindo cerca de 37 porcento da população ameaçada de elefantes de África.