O gabinete provincial da Acção Social, Família e Igualdade do Género em Benguela registou um aumento de 720 casos de violência doméstica no primeiro semestre deste ano, comparativamente ao mesmo período de 2018, informou esta quarta-feira, a chefe de departamento do sector, Cidalina Octávio.
Segundo a responsável, que falava à Angop, a margem do conselho consultivo provincial alargado do sector, no primeiro semestre deste ano a província registou 1.886 casos de violência doméstica, contra os 1.166 do ano anterior, situação que considera preocupante.
Dos casos registados esse ano, disse, destaca-se o abandono familiar e os mais frequentes são o incumprimento de mesada, fuga a paternidade, violência sexual, patrimonial e física.
Segundo Cidalina Octávio, o aumento de casos reflecte-se na mudança de mentalidade e comportamento das pessoas em denunciar os actos de violência, sendo agora mais frequentes e os casos mais graves encaminhados ao Serviço de Investigação Criminal.
A responsável referiu que a instituição trabalha com as famílias, promovendo encontros de sensibilização, palestras e campanhas para a mudança de comportamento, e aconselha a denúncia dos casos de violência doméstica, uma vez que já existe uma lei para o efeito.
“No passado era mais difícil, porque as pessoas não denunciavam, tinham medo, receio de perder o seu cônjuge e ser intimidada pela família do parceiro, surgindo assim o silêncio, mas hoje, as pessoas são mais abertas e denunciam tão logo sejam violentadas”, disse.
Contudo, disse que ainda assim existem pessoas que preferem sofrer ao invés de denunciarem os maus tratos que sofrem.
Para estes casos, a chefe de departamento apela as vítimas a não se calarem, porque a violência ultimamente não escolhe idade, nem status sociais e pode causar a morte.
Entretanto, no final do encontro, os participantes consideraram que a violência doméstica assume cada vez mais contornos alarmantes, resultantes da desestruturação das famílias e de outras disfunções socais que requerem abordagem abrangente, transversal e participativa.
Defendem o reforço das competências das famílias e o incremento das acções de divulgação e disseminação da Lei sobre violência doméstica.
O programa de combate a pobreza e sua prestação de contas, transferência de competências para os governos provinciais e destes para os municípios, projectos de inclusão produtiva e geração de trabalho e renda foram entre outros temas abordados no conselho consultivo.
O evento contou com a participação da vice governadora provincial para esfera política e social, Deolinda Valiangula, de directores e delegados provinciais, autoridades tradicionais, associações parceiras, igrejas e de partidos políticos.