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    Bancos têm de mudar modelo de negócios, avisa o governador do BNA

    O modelo de negócio dos bancos nacionais, que assenta na aposta na dívida pública e nas operações cambiais, não é sustentável e as instituições bancárias devem reavaliar os seus modelos, alertou o governador do Banco Nacional de Angola, na semana passada.

    Na abertura do Fórum de Economia e Finanças da Associação Angolana de Bancos (ABANC), José Massano adiantou que o “crédito concedido à economia continua a ser pouco expressivo nos balanços dos bancos, situação evidente nos rácios de transformação, sendo que 22 dos 25 bancos têm um rácio de transformação inferior a 50%”.

    Isto porque os bancos continuam a privilegiar a aposta em investimentos em dívida do Estado, com destaque para os títulos indexados à moeda estrangeira, que nos últimos anos renderam “retornos extraordinários, tendo, por exemplo, em 2018 superado 90%”, disse. Além destes investimentos, as operações cambiais e as operações e comissões associadas também contribuíram, de forma relevante, para os resultados dos bancos, acrescentou Massano.

    Assim, o governador considerou que este modelo de negócio não se afigura sustentável, não sendo expectável que o Tesouro volte a emitir obrigações indexadas à moeda estrangeira, e não se esperando também uma depreciação da moeda nacional nos níveis vistos nos últimos anos.

    “Ainda, tendo em conta a estratégia do Executivo de diversificação da economia que envolve, necessariamente, a redução das importações e a expansão do sector produtivo, recomenda-se a reavaliação das opções de negócio dos bancos comerciais”, sublinhou.

    Massano referiu que estas alterações aos modelos de negócios terão de ocorrer num contexto regulatório mais exigente e numa fase de incerteza provocada pela pandemia da Covid-19.

    “A decisão do BNA de implementar o Acordo de Basileia III e obter a equivalência de supervisão junto da União Europeia, vai impor não apenas o desenvolvimento de competências e conhecimentos especializados, como será seguramente entendido das apresentações que seguem, mas também de eventuais esforços de adequação de capitais.

    Segundo o governador, os sistemas de tecnologias de informação a implementar pela banca exigem investimento, não apenas em termos de segurança cibernética, mas igualmente em termos de desenvolvimento de novas formas de prestação de serviços aos clientes e de processamento e armazenamento da informação, pelo seu custo avultado exigem que os bancos tenham dimensão suficiente para os poder absorver e se manterem adequadamente protegidos, competitivos e financeiramente viáveis.

    Volta a defender fusões na banca nacional

    É neste sentido que Massano volta a apontar a fusões no sector bancário: “Neste contexto desafiante, e como tem vindo a acontecer noutros mercados financeiros, é expectável que bancos com dificuldades em cumprir as exigências adicionais que serão colocadas, optem por fusões ou abertura da estrutura de capitais. A listagem dos bancos na Bolsa de Valores de Angola é também por isso um movimento que se prevê com interesse e que encorajamos”, disse.

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