Banco Kwanza Invest pronto para arrancar

O Fundo Activo de Capital de Risco Angolano (FACRA), uma entidade pública criada em Junho, anunciou estar em vias de começar a investir “o mais rápido possível” em projectos de empresários angolanos.
Capital de risco é uma modalidade de investimento utilizada para apoiar negócios por intermédio da compra de uma participação accionista, geralmente minoritária, com objectivo de valorizar as acções e posteriormente retirar-se da operação.
A meta do iminente início das operações do FACRA foi revelada em entrevista concedida na sexta-feira ao Jornal de Angola por Marcel Kruse, director executivo do Banco Kwanza, o primeiro banco de investimento angolano de capitais privados, que conquistou a gestão do Fundo depois da sua instituição por decreto presidencial publicado em Junho no Diário da República.
Marcel Kruse declarou que o Fundo, instituído por dez anos e financiado em 250 milhões de dólares por capitais inteiramente públicos, estabeleceu essas expectativas com base no facto de ter as verbas que lhe são destinadas cabimentadas no Orçamento Geral do Estado (OGE) deste ano.
Além disso, apontou Marcel Kruse, o Presidente José Eduardo dos Santos indicou no seu discurso de investidura, pronunciado em Luanda na última quarta-feira, reunir a esperança de que mecanismos como o FACRA contribuam para a concretização das políticas públicas de apoio e incentivo ao crescimento económico. “Será também prestada uma maior atenção ao fortalecimento dos instrumentos de financiamento ao empresariado nacional recentemente criados, nomeadamente o Fundo de Garantia e o Fundo de Capital de Risco Promocional, e também do Banco de Desenvolvimento Angolano (BAD)”, afirmou o Presidente da República nesse discurso.

O director executivo do Banco Kwanza notou que apesar do princípio do financiamento do FACRA estar totalmente instituído e de haverem indicações palpáveis de que os próximos desenvolvimentos conduzam ao início iminente das operações, os fundos não foram ainda disponibilizados.

Critérios de rigor

Na qualidade de entidade gestora do Fundo, o Banco Kwanza estabeleceu um regulamento e um código de conduta para o funcionamento do FACRA, o que assenta no princípio geral de fazer com que os desembolsos sejam aplicados de formas a que, depois, a instituição não tenha que se dedicar a cobrir o financiamento concedido.
A questão chave, indicou o director executivo do Banco Kwanza, “é a de fazer com que os interesses do Estado estejam alinhados aos interesses dos investidores”.
“Quando trabalhamos sobre essa iniciativa, fizemos questão de trabalhar sob padrões internacionais” e assentes na gestão corporativa dos projectos a financiar, apontou Marcel Kruse, mesmo reconhecendo que o universo das operações do Fundo sejam  projectos inovadores com grande potencial e empreendedorismo. Ao definir as operações do FACRA, Marcel Kruse afirmou que o Fundo vai financiar projectos baseados na governação corporativa (o conjunto de processos, costumes, políticas, leis, regulamentos e instituições que regulam a maneira como uma empresa é dirigida, administrada ou controlada), conhecimento e tecnologia.
Comparando isso com os recursos humanos disponíveis, o director executivo disse que o Fundo adoptou como estratégia o critério de financiar sociedades constituídas por capital maioritário angolano, em que a parte estrangeira entre com o conhecimento e a tecnologia.
“Provavelmente os conhecimentos específicos vão ter que ser importados, sendo a parte maioritária [das sociedade a constituir] detida por angolanos”, disse.
Então, prosseguiu, o FACRA está focado nas ideias mais inovadoras e na gestão moderna das sociedades a constituir, de maneira a permitir o seu crescimento e a que gerem emprego e tenham abertas as portas da banca comercial.

Universo

O universo de projectos a financiar insere-se nas iniciativas do Ministério da Economia destinadas à concessão de crédito bonificado para estimular a economia, diversificar a produção, reduzir as importações e criar emprego qualificado para os jovens, contando-se, aí, programas como o “Angola Investe” ou o “Meu Negócio Minha Vida”.
O Fundo estabelece um prazo de reembolso do financiamento de acordo com o plano de negócios e durante a negociação do projecto, mas prevê que a maturidade média dos financiamentos se vá situar entre três e sete anos.
Marcel Kruse indicou que o principal alvo do financiamento do FACRA são os jovens, uma vez que se estima que a população angolana seja em 70 por cento constituída por indivíduos de uma idade média de 25 anos.
Mas, “o mais importante é a qualidade do projecto e não a idade do candidato”, afirmou o director executivo. Na sua carteira, o Banco Kwanza detém negócios de fusões e aquisições, que tem elementos semelhantes aos de um fundo de capital de risco e que é uma vocação dos bancos de investimento, que não são instituições envolvidas no crédito comercial.
“A banca de investimento é um complemento da banca comercial e não um concorrente”, explicou ao Jornal de Angola o director executivo do Banco Kwanza.

Fonte: JA