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    Aureliano Quaresma: um príncipe no Prenda – José dos Santos

    Numa das V3 do chamado Largo da Escola Branca, um homem de iluminada crina branca-algodão despertava de todos. Tinha uma forma de ser muito própria, quase sempre meio taciturno, mas de espírito sempre aberto.

    O Largo da Escola Branca, ao longo da Rua dos Funantes, teve sempre entre os seus moradores malta com alguma notoriedade. É lá que conheci o Chico Madne e foi lá que também conheci o mais-velho Victor Nataniel Narciso, o conhecido Tany Narciso, e a toda a sua família, num tempo que resolveu tornar a sua vivenda numa bem frequentada casa de venda de gelados, bolos e jogos de matraquilhos.

    Aureliano Quaresma era, pois, aquele que mais estava em voga, enquanto personagem de destaque nas célebres telestórias produzidas pela então Televisão Popular de Angola. Exagero à parte, ele era o Morgan Freeman cá do pedaço. E, por via disso, couberam-lhe sempre os bons papéis nessas produções feitas por verdadeiros heróis da teledramaturgia angolana.

    Ele era o galã e, por isso, contracenava sempre com os mais cobiçados e belos exemplares da fauna feminina angolana da época.

    Numa altura é que até um “beijo técnico” levava-nos – nós os garotos da época – a levar cerrar os olhos para não ver a «malidade», sob pena de levarmos com uma proibição dos velhos até ao final da série.

    Exagero à parte, Aureliano Quaresma era o Morgan Freeman cá do pedaço.

    E, não poucas vezes, era o Aureliano Quaresma que, com irrepreensível perfeição – à nossa maneira, é claro – tinha a responsabilidade de lidar com essas ousadias.

    Na verdade, a sua imagem nas novelas contrastava e muito com aquela com que se apresentava no dia-a-dia, quase sempre com o rosto fechado, de olhar penetrante e de poucos sorrisos abertos. Era normal vê-lo a cuidar do carro, antes de se fazer ao local de trabalho, na Angola Telecom.

    Convocava sempre a curiosidade de quem passasse por aquele largo da Rua dos Funantes. O “Morgan Freeman” do Prenda gostava mesmo do Prenda, de tanto que por lá viveu por longos anos. Nunca se deixou dominar pela fama, embora permanecesse quase sempre no seu mundo.

    Dialogava com as pessoas sempre que pudesse, até porque, para além de si, tinha familiares no mesmo largo e nas cercanias. A sua popularidade viria a aumentar depois que se tornou no Avô Pena, que viria a se revelar como a sua imagem de marca entre os personagens que deu vida nas várias telestórias de que participou.

    De então que, hoje por hoje, o Aureliano Quaresma praticamente “morreu” para dar forma e vida ao Avô Pena.

    José dos Santos | In facebook

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