Luanda – Uma delegação mista composta por técnicos do Ministério da Cultura e arquitectos das Universidades Agostinho Neto e Lusíada está a trabalhar desde quarta-feira (14) na província do Zaire, no âmbito do dossier de candidatura da cidade de Mbanza Kongo a Património Mundial.
Segundo uma nota do Ministério da Cultura enviada hoje, quinta-feira, à Angop, a delegação é chefiada pela ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva, e termina os trabalhos no próximo dia 27 do mês em curso.
Por parte do Ministério da Cultura integram a delegação a coordenadora do projecto, Sónia Domingos, Victor Suama, Domingas Cahango, Josina de Carvalho, Simão Souindoula e Nzuzi da Costa.
Pela Universidade Agostinho Neto fazem parte os arquitectos Isabel Martins, Adélio Tchiteculo e Kátia António, enquanto pela Universidade Lusíada está o arquitecto Denílson Gonçalves.
Lançado em 2007, com a realização de uma mesa redonda internacional, denominada “Mbanza Kongo – cidade a desenterrar para preservar”, o projecto de inscrição da cidade como Património da Humanidade está na sua fase decisiva.
A intenção do Executivo angolano, liderado pelo presidente José Eduardo dos Santos, adianta o Mincult, é que M’banza Kongo, cidade com mais de meio milénio de existência, recupera a grandeza do seu passado e seja elevada à categoria de património da humanidade, sendo que, para tal, não basta resgatar da terra os tesouros nela enterrados, mas recuperar e modernizar as suas infra-estruturas.
A missão, previamente estabelecida desde 2007, é valorizar o património histórico-cultural local, com o intuito de tornar a província um sítio turístico, preservar o sítio de Mbanza Congo, desenterrando o seu passado e criando bases para a sua preservação. A repercurssão da cultura Congo foi difundida ao longo dos anos pelo continente africano, e por alguns países da América e da Europa, através do tráfico negreiro transatlântico.
Entre os inúmeros argumentos a serem apresentados para a transformação da Terra dos Reis em património mundial constam a situação do Reino do Congo no fim do século XVI, a resistência dos Congo perante a ocupação portuguesa, a preservação dos seus valores e a defesa dos seus ideais tradicionais perante o choque com a cultura dos colonizadores portugueses.
Apesar de existirem vários estudos relativos à Terra dos Reis, a acredita-se que a história do Nsi a Congo ou Reino do Congo, assim como certos aspectos das suas instituições políticas, económicas e sociais não são ainda bem conhecidos.
Mbanza Congo foi, no século XVII, a maior vila da costa ocidental da África Central, com uma densidade populacional de 40 mil habitantes (autóctones) e quatro mil europeus.
Com o seu declínio, a cidade, que se encontrava no centro do reino em plena idade de ouro, transformou-se numa vila mística e espiritual do grupo etno-linguístico Kikongo, albergando as repúblicas de Angola, Congo Democrático, Congo e o Gabão, com origens em Mbanza Congo. (portalangop.co.ao)