A antiga leprosaria da comuna da Funda, município de Cacuaco, diagnosticou, de Janeiro a Setembro, 50 novos casos de lepra, anunciou ontem, em Luanda, o administrador do actual Centro de Saúde e Reabilitação, Joaquim Imperial Santana.
O responsável, que falava à Angop durante a visita à instituição da secretária do Presidente da República para Área Social, Fátima Viegas, defendeu a necessidade de as autoridades realizarem campanhas de educação da população, com vista a cultivarem o hábito de higiene da pele, porque a falta de asseio pessoal contribui para o surgimento da doença.
Disse igualmente que a falta de meios técnicos e financeiros para o rastreio da doença está na base do ressurgimento da lepra, porque em 2005 a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde (MINSA) tinham declarado o controlo da enfermidade no país.
Este facto levou à desactivação parcial da leprosaria, que foi convertida no actual Centro de Saúde e Reabilitação da Funda, e trabalha nas áreas assistencial e social.
O centro oferece tratamento ambulatório a doentes com lepra, tuberculose e outras enfermidades correntes a nível da comunidade, assim como presta assistência social a antigos doentes com lepra que continuam ali a residir porque não têm apoio das famílias.
Quanto às dificuldades, o administrador apontou a falta de alimentação, fármacos e estruturas sanitárias (latrinas). A instituição acolhe mais de 14 pessoas, entre as quais duas famílias que residem no local há mais de duas décadas, porque os parentes os abandonaram após o tratamento.
Segundo Joaquim Imperial, o centro não tem cabimentada qualquer verba do Governo, dependendo exclusivamente de doações. Este facto leva a instituição a não internar novos doentes com lepra, prestando apenas assistência ambulatória.
O Centro de Saúde e Reabilitação da Funda presta assistência ambulatória a 50 doentes, contando com a contribuição de 17 colaboradores, entre os quais seis enfermeiros e uma médica estagiária.
A secretária de Estado do Presidente da República para Área Social visitou também o Centro Materno-Infantil da Comuna da Funda, onde constatou a grande precariedade da infra-estrutura, com enormes fissuras.
A administradora do Centro Materno-Infantil da Funda, Luzolo Michel, disse à imprensa que, além deste problema, a instituição tem falta de ambulância, material gastável, medicamentos, energia eléctrica e laboratório de análises clínicas.
O centro realiza mensalmente 70 partos e conta com três médicos.Fátima Viegas considerou a situação desoladora e advogou a necessidade de se dar um melhor aproveitamento da antiga leprosaria. Quanto ao Centro Materno-Infantil, a responsável avançou que a situação é “arrepiante”, uma vez que põe em perigo a vida dos utentes e dos profissionais de saúde.
Fátima Viegas fez a entrega de bens alimentares às duas unidades sanitárias, cadeiras de rodas, muletas e cobertores. Depois disso, visitou o projecto social Casa de Caminho André Luiz (SEAKA), em Viana, bairro Kapalanga, vocacionada à protecção, educação e assistência aos mais vulneráveis.
No centro, os adolescentes, após avaliação das suas capacidades, tornam-se alfabetizadores da comunidade, no quadro do projecto “Educação para a Cidadania”. (Jornal de Angola)