Angola exortou, sexta-feira, em Nova Iorque, o Conselho de Segurança da ONU a reforçar a acção para a protecção das crianças afectadas por conflitos armados e reconhecer a “valiosa” contribuição que as organizações e iniciativas regionais e sub-regionais dão neste domínio.
O apelo foi feito pela representante permanente de Angola junto das Nações Unidas, embaixadora Maria de Jesus Ferreira, durante a sua intervenção no debate aberto do Conselho de Segurança sobre “Crianças em Conflitos Armados”, promovido pela Polónia, que detém a presidência rotativa deste órgão.
“Eliminar o tratamento desumano de crianças presas em conflitos armados é de suma importância e é algo com o qual todos podemos concordar, não importando nossas posições políticas ou quão enraizados sejam nossos desacordos”, defendeu a embaixadora, garantindo que Angola continua empenhada no reforço da protecção e do empoderamento dessa camada social.
Para a diplomata angolana, embora tenha sido alcançado algum progresso na redução do número de crianças-soldados no mundo, ainda existem vários desafios.
Na sua óptica, os desafios impostos pela natureza evolutiva dos conflitos armados em curso através do alvejamento deliberado e uso militar das escolas, doutrinação de crianças para cometer crimes, seu uso para transportar dispositivos explosivos, sequestro e abuso sexual, recrutamento forçado, assassinato, estupro e mutilação deliberada agravam a violência e o abuso cometidos por extremistas.
Reconheceu ter sido feito um “excelente” trabalho para resolver o problema, com uma cooperação eficaz entre a ONU, os Estados e actores não-estatais, mas disse que as partes em conflito e a comunidade internacional deviam fazer mais para proteger as crianças e os jovens afectados por conflitos armados.
A embaixadora é de opinião que deviam ser equacionadas medidas que passem por desenvolver maiores esforços de prevenção de conflitos e assegurar que crianças associadas a grupos armados sejam reintegradas e não punidas, e sejam fornecidos serviços de educação e saúde de qualidade.
Incluir jovens na resolução de conflitos, sustentando processos de paz e desenvolvimento, interromper todas as formas de violência contra crianças e ajudar os governos a adoptar e implementar os planos de acção sugeridos pelo Conselho de Segurança são outras sugestções de Maria de Jesus Ferreira.
“Encorajamos o secretário-geral (da ONU), o UNICEF e outros, a continuarem a implementar a sua agenda sobre crianças e o seu engajamento com grupos armados não-estatais que, frequentemente, resulta na rendição de crianças-soldados que pertencem a grupos armados e dá aos menores oportunidades para uma segunda vida”, ressaltou.
Enalteceu “o progresso” feito pela campanha “Crianças, Não-Soldados“ e os compromissos dos governos envolvidos.