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    Alemanha e BCE rejeitam perdão directo de dívida à Grécia

    Porta-voz do Governo alemão diz que anular dívida grega está “fora de questão”. BCE também recusa entrar numa operação directa de alívio da dívida helénica. Programa de recompra de dívida é a saída mais provável.
    A eventualidade de a Alemanha perdoar dívida da Grécia está “fora de questão”, afirmou esta manhã o porta-voz do governo, Steffen Seibert.

    “Seria como se amarrássemos nós mesmos as nossas mãos”, ilustrou, lembrando que a Constituição alemã proíbe o Estado de emprestar a países que sejam considerados insolventes, tal como é exigido pelo próprio FMI.

    Também Ewald Nowotny, governador do banco entral austríaco e membro do conselho de governadores do Banco Central Europeu alertou esta segunda-feira que tão pouco o BCE poderá participar num perdão de dívida à Grécia, porque isso equivaleria à impressão de dinheiro a favor de um Governo, o que é expressamente vedado pelos Tratados que enquadram a união monetária.

    “Para o BCE, perdoar a dívida não é possível porque seria equivalente ao financiamento indirecto do respectivo Estado. Portanto, o BCE certamente não pode participar”, afirmou Nowotny aos jornalistas em Viena.

    Berlim e Viena comentavam assim a informação publicada neste fim-de-semana pela revista alemã “Der Spiegel”, segundo a qual os credores da Grécia (UE e FMI) se preparam para propor um novo perdão da dívida grega, desta vez para os credores institucionais, ou seja, para os Estados membros da UE e accionistas do FMI.

    Não obstante ter concluído ainda em Março a maior operação de reestruturação, que resultou no perdão de mais de metade da dívida grega que estava em mãos de privados, o nível de endividamento da Grécia continua a ser revelar-se insustentável, acima de 150% do PIB.

    Já no domingo, o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, considerara que seria “irrealista” pretender que os credores institucionais se juntem a um novo perdão, lembrando que os Estados europeus estão de “mãos atadas” pela legislação comunitária em matéria orçamental e que não se pode dar mais dinheiro “a quem não cumpre as suas obrigações”. “É mais realista um programa de recompra de dívida, no qual a Grécia, mediante novos créditos, recompre obrigações antigas ao seu preço de mercado actual, ou seja, mais barato”, acrescentou, citado pela Lusa.

    Por seu lado, o BCE – que faz parte da troika mas ainda acumula cerca de 40.000 milhões de euros em obrigações gregas – disse na reunião preparatória que não pode juntar-se a este perdão para credores institucionais porque os seus estatutos proíbem-no de financiar Estados. Em troca, oferece-se para renunciar aos benefícios que poderia obter com a dívida grega que possui, já que a adquiriu a um preço de mercado muito inferior ao nominal.

    O relatório da troika defende ainda, segundo o semanário alemão, a concessão de mais dois anos à Grécia para cumprir os requisitos, algo que oficiosamente já se esperava em Bruxelas, Berlim e outras capitais europeias.

    Não obstante, o texto coloca um preço nesse prolongamento: mais 30.000 milhões de euros segundo a CE e o BCE, e até 38.000 milhões segundo as estimativas do FMI.

    FONTE: Jornal de Negócios

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