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    Alemanha discute envio de tropas para o Sahel

    Dentro de algumas semanas, os deputados alemães deverão decidir sobre o futuro da missão da Bundeswehr – as Forças Armadas da Alemanha – no Mali. Para Berlim, a estabilização do Sahel é uma questão fundamental.

    Já passaram sete anos desde a chegada ao Mali de soldados alemães. Entretanto, a situação de segurança não melhorou. Pelo contrário, até se deteriorou: grande parte da região do Sahel – que inclui o Mali, Níger, Chade, Burkina Faso e Mauritânia – é actualmente controlada por rebeldes e grupos extremistas.

    Os ataques contra a polícia e os militares são quase diários e a maioria dos habitantes da região ainda vive abaixo do limiar de pobreza.

    A Bundeswehr está actualmente envolvida em duas missões no Sahel: a missão de formação da União Europeia (EUTM) e a missão de manutenção da paz da ONU (MINUSMA), ambas sediadas no Mali.

    Na semana passada, o Governo alemão propôs a prorrogação dos dois mandatos por mais um ano, até maio de 2021, bem como o alargamento da participação das Forças Armadas na missão de formação da UE.

    Estabilização do Sahel é fundamental

    Face às condições, por que motivo deverá o exército alemão permanecer no Mali? “A região do Sahel é decisiva para o desenvolvimento do norte de África e da África Ocidental. Se os governos locais não conseguirem derrotar os terroristas e desenvolver as economias dos seus países, as consequências serão dramáticas”, responde Jürgen Hardt, responsável pela política externa da União Democrata-Cristã (CDU), o partido da chanceler Angela Merkel.

    A Alemanha receia que a região possa tornar-se uma zona de refúgio para grupos terroristas que operam a nível mundial. Além disso, se os Estados entrarem em colapso e a pobreza continuar a crescer, poderá impulsionar ainda mais a migração da região para a Europa.

    Embora os políticos sejam quase todos unânimes quanto à necessidade de a Alemanha reforçar ainda mais o seu envolvimento no terreno, a forma como o faz divide opiniões.

    A coligação no poder na Alemanha propôs aos eurodeputados a integração de mais 100 soldados na missão de treino da União Europeia (UE). Neste momento, estão no terreno 350 militares.

    Esses elementos adicionais não operariam apenas no sul do país, que é considerado relativamente seguro: passariam também a apoiar os colegas malianos em todo o território. Mesmo que não esteja ainda em causa a participação da Bundeswehr nos combates, a missão seria mais perigosa do que já é actualmente.

    A CDU também gostaria de aumentar a presença de instrutores alemães nos países vizinhos do Mali – Níger, Burkina Faso, Mauritânia e Chade -, reforçando, simultaneamente, a ajuda à população civil de acordo com as necessidades locais.

    Uma ideia que, por si só, não é má. Mas como recorda Matthias Basedau, do Instituto GIGA, em Hamburgo, “até agora, as experiências de formação das forças de segurança no Sahel não têm sido muito conclusivas. Na verdade, é muito difícil aplicar medidas sensatas sem o apoio total do governo local.”

    Oposição aponta falhas

    Os Verdes já advertiram que, se a CDU pretende expandir geograficamente a missão da Bundeswehr, isso significará negociar com regimes autoritários ou mesmo com uma ditadura, como no caso do Chade. O que seria “um erro grave”, na opinião do partido ecologista.

    “As missões de formação destinam-se a treinar o exército em Estados democráticos frágeis, de forma a estabilizar a democracia”, lembra Frithjof Schmidt, deputado do Partido Verde.

    Já o Partido Liberal Democrático (FDP) lamenta que o Governo, até à data, tenha prestado muito pouca atenção ao aumento de postos de trabalho, de forma a atrair investidores alemães para o Sahel.

    A região precisa urgentemente de investimentos e de empregos, mas as empresas alemãs só investirão “se as condições forem adequadas”, afirma Christoph Hoffmann, do FDP.

    Há tempos, a ministra da Defesa, Annegret Kramp-Karrenbauer, tinha falado na possibilidade de os soldados alemães apoiarem os colegas franceses na luta contra os terroristas. Um compromisso mais arriscado, que não agradou à opinião pública.

    A ideia parece ter sido abandonada pela CDU, que agora fala apenas em enviar drones e meios técnicos para evacuações médicas.

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    FonteDW

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