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    África Lusófona: A semana em palavras

    1. Dignidade: Com que D. Luiz Fernando Lisboa exerceu o munus de bispo de Pemba, chamando atenção da Igreja e do Mundo para a agonia do povo de Cabo Delgado, vítima maior de um conflito que já fez mais de meio milhão de deslocados. Conforme relatamos no AM Intelligence desta semana, tornou-se incómodo para as autoridades e a sua segurança estava em causa.

    Como, antes dele, se tinham tornado incómodos, em anos recentes, Gilles Cistac (morto a tiro), Jeremias Pondeca (morto a tiro), José Jaime Macuane (raptado, torturado e baleado), Ericino De Salema (raptado, torturado e baleado) ou Anastácio Matavel (morto a tiro).

    Ou, antes deles, Carlos Cardoso. Com o regime moçambicano, há um preço a pagar por se contradizer o discurso oficial.  Será o sucessor de D. Luiz Fernando, moçambicano, capaz de continuar a fazê-lo?

    2. Comandos: Portugueses a caminho da África, para dar formação a forças moçambicanas a empenhar em Cabo Delgado contra os insurgentes locais, como detalhamos no AM Intelligence desta semana. São a tropa portuguesa com mais experiência de combate em África, incluindo actualmente na República Centro Africana, e por isso também a mais conhecida e respeitada. Outras unidades moçambicanas têm vindo a receber formação anti-terrorismo, como também já demos conta no AM Intelligence. Conseguirão as forças do Governo suster as investidas dos insurgentes até as unidades especializadas estarem aptas a desdobramento no terreno?

    3. Silêncio: De João Lourenço em relação à grave acusação, num relatório de uma consultora do sul-africano Robert Besseling (Pangea Risk) de que sobre o presidente angolano, familiares e parceiros de negócios pendem graves suspeitas nos Estados Unidos. É certo que Besseling, também através da EXX Africa, elegeu Lourenço como alvo – e que, como demos anteriormente conta no AM Intelligence – tem ligações a alguns dos maiores inimigos do presidente angolano, mas a revelação e a mudez com que foi recebida são mais uma machadada na imagem do regime, em particular dos seus propósitos anti-corrupção – já fortemente comprometidos pela protecção oferecida a Manuel Vicente, Edeltrudes Costa, Baptista Borges e outros. Também com silêncio Lourenço lidou com o caso do Cafunfo. Em meios do partido, começa a tornar-se incómoda a forma como o presidente está a gerir a crise económica e social, a que se começa agora a juntar-se uma de imagem.

    4. Partido: Marcos Nhunga, um tecnocrata competente, granjeou a simpatia da população de Cabinda por fazer obra – águas, esgotos, estradas, tribunais, têm avançado a bom ritmo, ao contrário do que era hábito no passado. Mesmo assim, o reduzido perfil político do governador de Cabinda fazem com que o partido o queira afastar. Para o substituir, a escolha provável é mais um homem do aparelho de segurança. Tal como era o seu antecessor, Eugénio Laborinho, actual ministro do Interior.

    5. Quebra: De 14.6% na produção petrolífera angolana em Janeiro, para 1.17 milhões de barris, segundo mais recente relatório da OPEP (LER MAIS). A ler o especial AM Intelligence desta semana sobre a trajectória actual descendente da produção petrolífera angolana, para níveis próximos dos de pequeno produtor – com todas as implicações económicas, políticas e estratégicas que isso acarreta. Mais do que nunca, é urgente encontrar alternativas na indústria mineira, na agricultura ou indústria. Haverá tempo ainda?

    6. Liberdade: Nascido na antiga Guiné portuguesa, Marcelino da Mata quis ser português. Quase deu a vida pelo seu país, mas foi simplesmente melhor do que os seus inimigos – o PAIGC, que havia trazido a morte á sua família. Era o mais condecorado militar português, com uma legião de admiradores. A covid levou o homem (homem livre), a extrema esquerda (portuguesa e africana) nunca lhe perdoou (nem perdoa, como se viu nos últimos dias) não se ter bandeado para a troupe marxista-leninista. Sobre esta figura lendária escreveu no Observador de Xavier de Figueiredo, fundador do AM (LER MAIS).

    7. Ódio: Racial é aquilo de que Mamadu ba, senegalês naturalizado português, fez profissão. Ao insulto gratuito e desonestidade intelectual vai juntando faltas de carácter grotescas: a mais recente insultar o recém falecido herói de guerra, Marcelino da Mata. Simplesmente desumano.

     

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