O ministro angolano das Relações Exteriores, Manuel Augusto, declarou nesta segunda-feira, em Luanda, haver sinais encorajadores de que o quadro de paz e segurança na região austral de África possa evoluir favoravelmente.
O governante entende que é tempo da região austral do continente dedicar-se exclusivamente às questões de desenvolvimento e da integração económica regional, notando que tal desiderato não será possível enquanto prevalecerem desafios de paz, segurança e estabilidade.
Manuel Augusto discursava na cerimónia de abertura da reunião de Ministros da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que prepara a Cimeira Extraordinária da Dupla Troika da Organização regional, a decorrer na terça-feira, na capital angolana.
Fez saber que desde a última reunião da Dupla Troika, realizada em Agosto de 2017, na África do Sul, foram registados progressos em relação ao quadro de paz e segurança na África Austral.
“É nossa obrigação, nosso dever, darmos o melhor de nós para que soluções duradoiras possam ser encontradas e que a sua implementação possa engajar-nos a todos”, expressou o ministro.
Augurou que as discussões do encontro ministerial possam ser francas, abertas, objectivas e construtivas, “de forma que possamos submeter aos nossos líderes, na reunião de terça-feira, propostas e soluções para os desafios que ainda enfrentamos”.
A situação política na República Democrática do Congo (RDC) e no Lesotho é o principal ponto da agenda da cimeira da Dupla Troika, que também vai discutir a questão da consolidação da democracia na região Austral do continente.
Angola preside, actualmente, o órgão de Cooperação Política, Defesa e Segurança da SADC.
A situação política e militar no Lesotho agudizou-se a 5 de Outubro do ano passado, quando o chefe de Estado-Maior do Exército, general Khoantle Motso- Motso, foi morto durante um tiroteio, que vitimou também o general Bulane e o coronel Tefo Hahatsi.
Em consequência, a 2 de Dezembro, a SADC procedeu ao desdobramento de um contingente militar, no âmbito da sua Missão de Contingência para o Lesotho, a pedido das autoridades daquele país encravado na África do Sul. O efectivo da SAPMIL é composto por 217 militares 162 dos quais de Angola.
Os últimos desenvolvimentos no Lesotho foram analisados em Março último, em Luanda, durante uma audiência em que o Chefe de Estado angolano, nas vestes de Presidente do órgão de Cooperação, Defesa e Segurança da SADC, concedeu ao primeiro-ministro daquele país, Thomas Thabane.
O Presidente João Lourenço participou ainda em Fevereiro, em Kinshasa, numa cimeira tripartida entre Angola, Congo e RDC, que avaliou os preparativos para a realização das eleições na RDC, adiadas de 31 de Dezembro do ano passado para 23 de Dezembro deste ano.
O adiamento do pleito eleitoral levou a oposição a exigir a saída do Presidente Joseph Kabila que, à luz da Constituição, está impedido de voltar a concorrer a um novo mandato.
A Dupla Troika da SADC deve também discutir a situação política no Madagáscar, que deverá realizar eleições gerais ainda este ano. A situação política no Madagáscar inspira cuidados.
O governo daquele país quer introduzir alterações na Lei eleitoral, tendo tal pressuposto provocado protestos antigovernamentais no dia 21 deste mês, que causaram dois mortos.
A Dupla Troika é composta pelos países que compõem a Troika do órgão de Defesa e Segurança e da Troika da SADC.
O órgão de Defesa e Segurança é composto por Angola (Presidente), Zâmbia e Tanzânia. A Troika da SADC integra a África do Sul, actual presidente, Swazilândia e Namíbia. (Angop)