Quinta-feira, Maio 16, 2024
16.1 C
Lisboa
More

    Afinal ainda é importante ter uma Sonangol

    RUI MALAQUIAS Mestre em Finanças (Foto: D.R.)
    RUI MALAQUIAS
    Mestre em Finanças
    (Foto: D.R.)

    A crise abriu as portas e colocou mais lenha na fogueira sobre o tema ‘diversificação da economia’, ou seja, o não colocar todos os ovos na mesma cesta, mas como a democracia dá voz até àqueles que não sabem usá-la, somos a tecer algumas palavras sobre a forma como necessidade de diversificação está a ser confundida com uma quase mortificação da Sonangol.

    Jamais haverá alguém que tenha a coragem de pôr em causa a necessidade de diversificar, e muito menos será o propósito deste artigo, mas vamos procurar de certa forma dar carinho e pôr no colo o catalisador do desenvolvimento desta nação, que tem apenas quase 13 anos de paz efectiva.

    O que queremos é reafirmar a importância de termos uma Sonangol, mais do que ter o petróleo e o gás debaixo da terra e no fundo do mar, e o fazemos porque, com o pretexto de defender a diversificação da economia (quase de hoje para amanhã), ouvimos discursos de muitos ‘pensólogos’ (que pensam que a tarefa de governar é fácil – apenas porque não estão lá) que desvalorizam o trabalho e a importância da Sonangol no rumo económico que a nossa economia está a tomar.

    Sim, é importante, porque parece que nos andamos a esquecer de que a Sonangol é responsável engrenagem que move o País inteiro, e no aperto, que foi derivado do aumento das quantidades oferecidas no mercado petrolífero, a Sonangol parece ser a culpada por tudo e mais alguma coisa.

    Queremos desta forma relembrar que a Sonangol, como concessionária do Estado para a exploração de petróleo e gás no País há quase 40 anos, não tendo outra opção, senão a de ombrear sempre em desvantagem com as grandes potências mundiais, em ambientes inóspitos (na guerra fria e por petróleo), num cenário em que nós é que precisamos do petróleo e outros é que o conseguem retirar e, por fim, mas pensamos ser o mais importante, sem traquejo e a malícia dos grandes papões do mercado com mais do dobro da sua idade.

    Porque estamos a falar de finanças num jornal financeiro, podemos afirmar que, nos últimos três a cinco anos, o sector petrolífero, de que a Sonangol é órgão reitor, contribuiu com entre 45% e 65% de toda a produção anual de bens e serviços no nosso território (PIB) para os anos em questão, pelo que as receitas fiscais provenientes do mesmo sector, no mesmo período, corresponderam a não menos do que 75% das receitas totais estimadas e constantes dos correspondentes OGE.

    Segundo as nossas contas, de 2002, ano da paz, a 2013, o nosso Produto Interno Bruto cresceu mas de 893%, o que é obra para um período tão curto e para um país do Terceiro Mundo, e sempre alicerçado a uma produção petrolífera dependente de factores externos, condicionalismos vários que nunca impediram a Sonangol de dar o seu humilde contributo.

    Por outro lado, a economia nacional, para o mesmo período, teve uma taxa média de crescimento do PIB de 27,05%, tendo o seu apogeu em 2005 para 2006, em que cresceu mais de 48%, sendo que neste mesmo intervalo que o preço do Brent (que é a referência para as nossas exportações) teve um preço médio diário de 60,78 USD.

    Foi ainda devido à contribuição do sector petrolífero que Angola, nos últimos 11 anos, conseguiu manter um PIB médio acima dos 63,5 mil milhões USD, pois entenda-se que a indústria petrolífera apresenta elementos a montante e a jusante, pelo que apenas exaltamos os contributos vindos da indústria de forma directa, sem levar em consideração os serviços que esta contrata.

    O que esta abordagem pretende é enaltecer o papel da concessionária nacional no processo de diversificação, contribuindo com a sua experiência e saber para o intercâmbio com outras economias. Queremos afirmar que a Sonangol deve ser tida como o primeiro aliado do processo de diversificação, e nunca como aquele elemento que ‘rouba’ a cena dos outros sectores. Pensamos ser necessário mudar o discurso de vitimização de outros sectores, como se a indústria petrolífera fosse a culpada pelo seu crescimento pouco vigoroso.

    Esperamos, sim, que haja pro-actividade destes sectores e que aprendam com os que já estão no leme de crescimento há mais tempo, para que, de facto, tenhamos uma economia que deixe de depender de um produto e consigamos compensar as cambalhotas dos mercados petrolíferos.

    Diversificar, sim, e sempre, mas acreditamos que, mesmo na diversificação, o sector petrolífero terá o papel central, para que os outros sectores se ergam e andem pelos próprios pés, se tornem competitivos e ombreiem com as congéneres estrangeiras, algo que a Sonangol já faz, dentro das suas limitações.

    Por estas e outras razões vamos dar graças por termos uma Sonangol, um Executivo e um País que entenda a sua importância estratégica. (expansao.ao)

     

    Publicidade

    spot_img

    POSTAR COMENTÁRIO

    Por favor digite seu comentário!
    Por favor, digite seu nome aqui

    Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

    - Publicidade -spot_img

    ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Angolanos contestam novos preços dos transportes coletivos

    Angolanos afirmam que metade dos seus salários vão servir para pagar o táxi, com o novo preço dos transportes...

    Artigos Relacionados

    Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
    • https://spaudio.servers.pt/8004/stream
    • Radio Calema
    • Radio Calema